"Não corresponde à verdade." Vítor Almeida nega razões apontadas pelo Governo para saída do cargo
Perante o recuo de Vítor Almeida, o Ministério da Saúde decidiu nomear o médico Sérgio Agostinho Dias Janeiro
Corpo do artigo
Vítor Almeida afirmou à TSF que não são verdade as razões apontadas pelo Ministério da Saúde para a sua saída do INEM. Num comunicado enviado às redações, o Governo diz que Vítor Almeida concluiu que não estavam reunidas as condições para assumir a presidência por razões profissionais e face ao contexto atual do instituto, mas em declarações à TSF, o presidente demissionário desmente e sublinha que a ministra conhece as razões.
"A ministra tem provas documentais em que eu explano as condições que eu preciso ou que o país precisa para ter garantias de que o dispositivo, sobretudo em termos de helicópteros e emergência médica, continua a funcionar com as capacidades que tem hoje e, evidentemente, um reforço do ponto de vista financeiro. Essas condições estão devidamente escritas, estão no ministério, responderei em sede pública. Dizer que foi por motivos profissionais ou pessoais, seja o que for, o motivo de eu afinal não aceitar não corresponde à verdade. Devo dizer, no entanto, que tive sempre um contacto muito cordial, muito transparente e honesto com a ministra. Estranho profundamente este comunicado porque a ministra sabe muito bem quais são as razões: a defesa dos doentes e o interesse dos portugueses acima de tudo. Tudo o resto é secundário nesta história, que isto fique muito bem claro. Luís Meira, ainda em funções de presidente do INEM, pediu às respetivas tutelas em sucessivos anos reforços de capacidade para poder fazer face às necessidades que o instituto tem. Eu não iria fazer um bom trabalho se não tivesse essa garantia. Não vale a pena partir do mesmo princípio sem ter garantias para poder dar o melhor, sobretudo segurança aos nossos doentes, e como tal só tenho a fazer uma coisa: declinar o convite e agradecer toda a colaboração. Não me queixo da ministra, mas este comunicado deve ser repensado", explicou Vítor Almeida.
O Ministério da Saúde disse esta sexta-feira, em comunicado, que "nos contactos com a tutela durante a última semana", o médico anestesista Vitor Almeida "concluiu que não estavam reunidas as condições para assumir a presidência do INEM, por razões profissionais e face ao contexto atual do instituto".
Adianta que, perante o recuo de Vitor Almeida, decidiu nomear o médico Sérgio Agostinho Dias Janeiro, em regime de substituição por 60 dias, por vacatura do cargo.
O ministério adianta que será agora aberto um concurso junto da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP).
Sérgio Dias Janeiro é médico especialista em Medicina Interna e, atualmente, diretor do Serviço de Medicina Interna do Hospital das Forças Armadas, onde, de 2022 a 2023, ocupou o cargo de diretor Clínico do Serviço de Urgência.
Vitor Almeida tinha sido nomeado no dia 04 de julho para a presidência do INEM, depois de Luís Meira se ter demitido do cargo na sequência da polémica com o concurso dos helicópteros de emergência médica.
Luís Meira demitiu-se no dia 01 de julho após uma troca de acusações sobre o concurso para o serviço de transporte aéreo de doentes.
Na véspera, o Ministério da Saúde tinha criticado o INEM por ter deixado terminar o prazo para o lançamento do concurso público internacional para aquisição de helicópteros, obrigando a novo ajuste direto.