"Não é com contratos de quatro meses e a pagar seis euros à hora" que se fixam enfermeiros no país
Candidato a Belém alerta que é preciso encontrar resposta para a pergunta: "Quem cuida dos profissionais de saúde?"
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Em frente aos Hospitais da Universidade de Coimbra, João Ferreira ouviu os profissionais de saúde questionar quem cuida destes profissionais que alegam falta de valorização nas carreiras. Exemplo disso são os enfermeiros. No último ano, de acordo com a Ordem dos Enfermeiros, pediram à ordem declaração de saída para o estrangeiro mais de mil profissionais.
Luís Barreira, vice-presidente do conselho diretivo da Ordem dos Enfermeiros, referia, esta manhã no "Bom dia Portugal", da RTP, que "temos o SNS em rutura por falta de profissionais" e que poderemos ter "elasticidade de um aumento de camas, cuidados intensivos e enfermarias, mas os profissionais são sempre os mesmos".
O dirigente alertou também para a falta de planeamento e estratégia, "para reter os enfermeiros em Portugal" e fazer regressar os 20 mil enfermeiros emigrados. "Só no ano passado, 1230 enfermeiros solicitaram a declaração à Ordem para poder emigrar, para países como a Suíça, Inglaterra, entre outros", afirma.
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Confrontado com esta situação, o candidato a Belém João Ferreira sublinha que não é com contratos de quatro meses a seis euros à hora que se fixam estes profissionais de saúde no país, lembrando que o Presidente da República não pode esquecer a valorização dos profissionais de saúde: na carreira, nos salários e na compatibilização das vidas pessoal e profissional. Diz João Ferreira que é preciso encontrar resposta para a pergunta: "Quem cuida dos profissionais de saúde?"
Depois de ter ouvido vários profissionais do setor, o candidato adianta que "não chega bater palmas, como é muito justo numa altura destas", acrescentando que "é enorme o reconhecimento, mas a pergunta sobre quem cuida destes trabalhadores continua sem resposta". Em Coimbra, João Ferreira apresentou a receita para resolver a maleita: "Valorizar as carreiras, os salários, dignificar os seus horários e contratar os profissionais em falta."
Sobre a saída de mais de mil enfermeiros para o estrangeiro, só no último ano, João Ferreira lamenta que se tentem cativar enfermeiros com contratos de trabalho de 4 meses, pois "seguramente não é com contratos de 4 meses e a receber seis meses à hora". O candidato declara que "não vamos precisar de enfermeiros só durante 4 meses e temos um défice de enfermeiros, por exemplo de enfermeiros de família, de acordo com as recomendações da OMS", por isso é necessário "assegurar estabilidade e condições de salário atrativas, para que se possam fixar no país onde se formaram".
A maior competência nesta matéria é do governo, mas o candidato João Ferreira refere que o Presidente da República pode intervir no assunto, porque a constituição atribui ao trabalho e à saúde um lugar central.