"Não é uma exceção." Infeções virais "mais agressivas" levam a aumento dos tempos de espera nos hospitais
Presidente da Associação de Administradores Hospitalares alerta à TSF que é preciso uma resposta rápida para os doentes não urgentes.
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Xavier Barreto, presidente da Associação de Administradores Hospitalares, nota que este ano as infeções virais estão mais agressivas e é por isso que há mais doentes a recorrer aos hospitais, agravando os tempos de espera. Na terça-feira, por exemplo, os doentes urgentes com pulseira amarela esperavam 14 horas para serem atendidos no Hospital de Santa Maria.
Perante este cenário, o presidente da Associação de Administradores Hospitalares alerta que é preciso uma resposta rápida para os doentes não urgentes.
"Todos os anos, nos invernos, temos um excesso de procura nos serviços de urgência, portanto não é uma exceção nem são casos pontuais. É uma situação transversal a todo o Serviço Nacional de Saúde e este ano, mais uma vez, está a repetir-se com um padrão ligeiramente diferente. Têm aparecido mais cedo, muito por conta da alteração do contexto. O que deveríamos ter criado há já muitos anos era uma porta alternativa para os doentes que, sendo agudos, não são urgentes. Cerca de metade dos doentes que vão à urgência hospitalar não são doentes urgentes, poderiam encontrar resposta noutro nível de cuidados, nomeadamente nos cuidados primários, que seriam a aposta mais natural, mais óbvia. Se a organização do sistema e a resposta é a mesma, não podemos esperar resultados muito diferentes daqueles que tivemos em invernos anteriores", explicou Xavier Barreto no Fórum TSF.
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O responsável foi claro em relação ao que é necessário fazer e considera que tomar a vacina contra a gripe é fundamental, principalmente quando se está a contactar com um vírus que tem "maior taxa de infeção" e "parece ser mais grave".
"Isto reduz muito a probabilidade de a pessoa ter doença grave. É muito importante que as pessoas percebam que o doente, ainda que seja agudo, não é urgente e pode esperar algumas horas, não deve dirigir-se a uma urgência hospitalar. Deve procurar o seu médico de família e recorrer à Linha Saúde 24. Na preparação dos hospitais há dois aspetos que são muito importantes: por um lado temos de ter equipas completas, capacitadas e os hospitais têm de ter autonomia para contratar pessoas, para as equipas estarem capacitadas; por outro lado, temos de ter informação real sobre aquilo que está a acontecer no terreno", acrescentou o presidente da Associação de Administradores Hospitalares.