"Não há gente séria na bancada do Chega." Bloco e Ventura em choque sobre saúde
O debate orçamental registou um momento de tensão entre André Ventura acusado de estar "fora de jogo" na questão da Saúde. O deputado do Chega rejeita "lições de moral ou caráter".
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O debate do Orçamento de Estado registou esta terça-feira um momento de tensão entre as bancadas do Bloco de Esquerda e do Chega a propósito da área da Saúde.
Quando André Ventura denunciou o incumprimento da promessa de que toda a população esteja abrangida por médico de família, PS e BE recordaram que o programa inicial do Chega defendia que não compete ao Estado "a produção ou distribuição de bens e serviços", na área da Saúde.
O deputado único do Chega considerou que "o que falta no PS são socialistas" e referiu que o Chega defende que em 2020, "com monitorização e concretização todos os portugueses tenham médico de família".
A política de saúde é uma discussão séria que precisa de gente séria para fazer essa discussão.
Por parte do PS, a deputada Hortense Martins acusou o deputado do Chega de "fazer um número de teatro porque, na realidade, pretende vender a Saúde aos privados".
A resposta mais dura partiu do Bloco de Esquerda com Moisés Ferreira a considerar que "na bancada do Chega não há gente séria".
"A política de saúde é uma discussão séria que precisa de gente séria para fazer essa discussão, não encontramos essa gente séria na bancada do Chega", disse o deputado do BE, pelo meio de protestos de André Ventura que, de seguida, pediu a defesa da honra, recusando "lições de moral ou de caráter".
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"Não lhe admito que coloque que em causa o caráter e honra de quem quer que seja e muito menos a minha, não a si, nem a ninguém dessa bancada", atirou o deputado do Chega.
Mas na resposta, Moisés Ferreira repetiu a crítica - de que "não há gente séria na bancada do Chega, até prova em contrário é assim" lembrando que no programa eleitoral o Chega defendia que "o Estado não deverá interferir como prestador de bens e serviços no mercado da saúde".
Perante apartes do deputado do Chega, Moisés Ferreira acabou por rematar: "Numa terminologia que talvez compreenda melhor, no que toca ao SNS, no que toca ao Estado social, o senhor está fora de jogo", ironizou o bloquista, numa referência ao estatuto de comentador de futebol de André Ventura.
Apesar do deputado do Chega ter pedido nova defesa da honra, o vice-presidente da Assembleia da República José Manuel Pureza, que conduzia os trabalhos, já não lhe concedeu a palavra a Ventura invocando o regimento parlamentar.