"Não há necessidade" de mais cursos de medicina. Oferta no privado é uma questão de "lucro"
À TSF, o presidente da Federação Europeia dos Médicos Assalariados, João de Deus, diz estar preocupado com a "seleção via económica" e, consequente, "diferença no acesso".
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A Agência de Acreditação e Avaliação do Ensino Superior chumbou os cursos de medicina com mestrado integrado das Universidades de Aveiro e Trás o Montes. A decisão é preliminar e as instituições de ensino superior têm agora dez dias para responder, avança o Jornal de Notícias.
À TSF, o presidente da Federação Europeia dos Médicos Assalariados (FEMS), João de Deus, lembra que oferta formativa de medicina em Portugal é superior a qualquer país europeu.
"O rácio habitual é uma faculdade por dois milhões de habitantes. Nós, neste momento já temos em termos de Público, as oito faculdades de medicina, portanto, já estamos acima desse desse rácio. Não há necessidade em termos de formação médica em Portugal de abrir novos cursos", afirma.
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Em contrapartida, em setembro entram mais alunos no curso de medicina na Universidade Católica e na Universidade Fernando Pessoa, no Porto. Nesta última, das 40 vagas disponíveis, 30 destinam-se a estudantes estrangeiros e o curso é lecionado em inglês.
O presidente da FEMS explica tratar-se de uma questão de "lucro": "Um curso de medicina é um curso bastante dispendioso para as próprias universidades, que têm de o rentabilizar de alguma forma e, muitas vezes, não o conseguem perante os estudantes portugueses."
Além disso, condena esta "seleção [de alunos] via económica" e não pela capacidade académia e considera que "o próprio Governo devia olhar para este aspeto".
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"O que me preocupa é a diferença no acesso, ou seja, nós provavelmente vamos deixar de fora alguns estudantes que teriam muita capacidade para fazer o curso de medicina, enquanto outros pelo facto de terem capacidade económica, conseguem fazê-lo", concluiu.
Este ano, as propinas aumentaram. Na Universidade Católica, um estudante nacional paga mensalmente 1795 euros e um estudante internacional paga 2325 euros. Já na instituição Fernando Pessoa, um estudante português paga 1500 euros e um internacional mais 400 euros.