"Não há segredo" na iguaria que demora quase quatro horas a estar pronta. Cinco mil litros de rancho para degustar em Mirandela
São esperadas mais de quatro mil pessoas no festival gastronómico para degustação de iguaria típica da terra da alheira. Venha conhecê-la com a TSF
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Trinta e um restaurantes de Mirandela vão confecionar, este sábado à hora de almoço, cinco mil litros de rancho — uma iguaria típica da cidade que mistura grão-de-bico, carnes, batata, massa e presunto — para um manjar ao ar livre, no mercado municipal da terra, onde são esperadas milhares de pessoas.
Trata-se do Festival Gastronómico do Rancho, um prato típico de inverno, conhecido pelo seu sabor robusto e reconfortante, que mistura grão-de-bico, carnes, batata, massa e presunto. É tradição fazer parte das ementas de toda a restauração, todas as quintas-feiras, dia em que acontece a feira semanal.
A organização, uma parceria do Município e Associação Comercial e Industrial, estima que possam juntar-se mais de quatro mil pessoas. A TSF foi saber um pouco mais acerca desta iguaria que tem tantos apreciadores.
Todas as quintas-feiras, bem cedo, por volta das 08h00, Noémia Lemos, proprietária e cozinheira do restaurante Batalhão, já anda de volta das panelas para, ao meio-dia, poder ter pronto o famoso rancho de Mirandela. “Começo a cozer a carne de vitela e o presunto nas panelas de pressão. Só isto demora mais de uma hora. Tenho aqui a batata cortada aos cubos para depois utilizar. Quando o grão estiver cozido, [é] juntar com a massa e as carnes”, conta.
Este é um ritual que se repete há mais de 20 anos. Noémia começou com dez litros de rancho, mas no verão, na altura em que os emigrantes vêm à terra natal, “já não chegam 400 litros”. A preparação do prato que contém batatas, massa, grão-de-bico, carne de vitela e presunto demora mais de três horas e meia. “Começo por volta das 08h00 e lá para as 11h30 ou 11h45 está pronto a sair”, diz.
E para este manjar há algum segredo? “Não tenho segredo nenhum. Não utilizo água do presunto, simplesmente a água do grão e da vitela, e o azeite para fazer um estrugido que faço à parte com cebola e chouriço.”
O preço também é convidativo. No seu restaurante, Noémia cobra oito euros, independentemente da quantidade de rancho que os clientes degustarem. “Coloco uma terrina de inox cheia de rancho que fica no centro da mesa e o cliente come aquilo que lhe apetecer e paga sempre o mesmo”, afirma.
E há outro pormenor: não se come com garfo e faca, mas antes com uma colher.
Pão, vinho e cinco mil litros de rancho dão vida a Mirandela, ao almoço deste sábado, preparado por 31 restaurantes locais. O kit de degustação — com malga, colher, e caneca incluídas — custa 7,5 euros.
