Não haverá idade limite para trabalhar nas urgências. Médicos "escusam fazer greve por causa disso"
Manuel Pizarro insiste que o grande problema das urgências pediátricas de Lisboa é a recrutamento de médicos.
Corpo do artigo
O ministro da Saúde, Manuel Pizarro garante disponibilidade absoluta nas negociações com os médicos que decorrem esta quarta-feira, dia de greve convocada pela Federação Nacional de Médicos.
"O processo negocial está em curso, têm-se realizado várias reuniões e nós continuamos absolutamente disponíveis para o diálogo", assegura Manuel Pizarro ouvido esta manhã na comissão parlamentar de saúde, no Parlamento.
Para "que não seja tema", o ministro esclarece que não será discutida a hipótese de alterar a idade limite para os médicos fazerem urgências ou noite.
"Não está em cima da mesa os médicos deixarem de fazer urgência noturna acima dos 50 anos e deixaram de fazer urgência acima dos 55. Esse assunto não está na mesa de negociações."
"Quem fizer greve por causa disso, escusa de fazer", reforça.
Chamado à comissão de Saúde pelo Bloco de Esquerda e pelo PCP, o ministro da Saúde insiste que o grande problema é a recrutamento de médicos, mas diz acreditar que a formação vai dar frutos
"É um processo transitório até que haja recursos humanos suficientes", aponta Manuel Pizarro.
"Se a senhora deputada me quiser fornecer uma lista de médicos obstetras disponíveis para serem contratados pelo Serviço Nacional de Saúde, para preencherem as escalas dos hospitais onde isto acontecer, eu posso garantir que serão imediatamente contratados, sem qualquer freio burocrático", responde.
"Vamos resolver o problema com persistência e com consciência das dificuldades que as pessoas passam", garante.
Sobre a reorganização dos serviços de urgência de Ginecologia e Obstetrícia na região de Lisboa e Vale do Tejo, Manuel Pizarro garante não se vai assemelhar ao que foi feito no Porto, que tem uma resposta melhor nos cuidados primários.
"Não vamos fazer nada que se assemelhe com o que foi feito no Porto, pois reconhecemos que é um processo que tem de estar alicerçado a um fortalecimento dos cuidados de saúde primários."
O modelo de urgência pediátrica do Porto "funciona bem", defende o ministro. "Havia três urgências [nos hospitais de Santo António, Maria Pia e São João] agora há só uma e funciona de forma organizada.
Manuel Pizarro escusa antecipar medidas concretas para as urgências pediátricas de Lisboa, justificando que está a ser trabalhado pela Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
No entanto, assume que "do ponto de vista técnico, temos propostas dos profissionais que são bastante mais radicais do que o que a Direção Executiva está a preparar".