As primeiras projeções foram recebidas pela CDU debaixo de um profundo silêncio.
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O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Jerónimo de Sousa, declarou o fim da geringonça como a conhecemos e garantiu que "não haverá repetição da cena do papel", justificando ainda os resultados da noite eleitoral com a "campanha de mentira e infâmia" de que se diz alvo desde janeiro.
"Ainda não consultei os meus camaradas, mas por aquilo que tenho ouvido acho que não haverá repetição da cena do papel", disse Jerónimo de Sousa, referindo-se à assinatura das posições conjuntas de PS, CDU e Bloco de Esquerda, após as Legislativas de 2015.
No Centro de Trabalho Vitória, na Avenida da Liberdade, em Lisboa, as primeiras projeções foram recebidas debaixo de um profundo silêncio, apontando para uma perda significativa do número de deputados eleitos (17) nas eleições de há quatro anos.
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A aparição de Jerónimo de Sousa, inicialmente prevista para as 21h30, foi sendo adiada até que o líder comunista surgiu subitamente na sala, pelas 21h53, contrariando anterior informação, e levando-o a um episódio caricato quando recomeçou a sua intervenção no momento em que as televisões entraram em direto, após as 22 horas.
Perante os resultados então conhecidos, declarou que "nada obsta" que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, indigite o socialista António Costa primeiro-ministro, mas foi avisando que o PCP e "Verdes" votarão caso a caso, no parlamento.
"Será em função das opções do PS, dos instrumentos orçamentais que apresentar e do conteúdo do que legislar que a CDU determinará, como sempre, o seu posicionamento, vinculado aos compromissos que assumiu com os trabalhadores e o povo, decidido a dar combate a todas as medidas negativas, a todos os retrocessos que o PS queira impor", afirmou.
Em resposta aos jornalistas, Jerónimo de Sousa sublinhou que já na última legislatura "não houve maioria parlamentar, maioria de apoio ao Governo, não houve maioria nenhuma", antes "a nossa independência e autonomia", onde houve espaço para convergir ou discordar.
Sobre o resultado da CDU, celebrado com fortes aplausos a cada deputado eleito, e que tudo indica será o pior desde a eleição de Jerónimo de Sousa enquanto secretário-geral, o líder justificou-o com "a campanha mistificatória onde prevaleceu a mentira e a infâmia", "que durou meses, desde janeiro, em que todos os dias se procurou minimizar a ação e intervenção do PCP".
Apesar disso, acrescentou, "não desaparecemos, não nos extinguimos como alguns diziam ou outros mais cautelosos que falavam no declínio irreversível. Vocês desculpem, já tenho a idade que tenho e há 40 anos que oiço esta conversa do declínio irreversível do PCP. Pois cá estamos para todas as batalhas e mesmo agora aí estaremos na Assembleia da República a lutar por uma vida melhor".
Entre as principais medidas propostas pela CDU na campanha eleitoral estão o aumento do salário mínimo nacional para 850 euros, a subida real do valor das reformas e pensões, a criação de uma rede pública de creches gratuitas para as crianças até aos três anos, o reforço do investimento nos transportes públicos e no Serviço Nacional de Saúde, entre outras.
De resto, os resultados da CDU nestas Legislativas serão apreciados na reunião do comité central do PCP na próxima terça-feira.