"Não nos deixamos enganar." Segundo dia de greve leva dezenas de enfermeiros às portas do Ministério da Saúde
Ainda sem números oficiais, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses fala numa adesão igual ou superior à do primeiro dia de paralisação
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Dezenas de enfermeiros juntaram-se, esta quarta-feira, em protesto, junto do Ministério da Saúde, em Lisboa. Apesar da muita chuva, neste segundo dia de greve, os profissionais de saúde não arredaram pé, com muitos a chegar de carrinha, vindos de vários pontos do país.
O protesto, marcado pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), foi marcado para as 11h30. A chuva não demoveu os enfermeiros, com o presidente do SEP, José Carlos Martins, a prever uma adesão igual ou superior à do dia anterior, numa altura em que decorre, em simultâneo, uma greve de médicos por todo o país. Em declarações à TSF, o dirigente do sindicato entende que a mobilização dos enfermeiros é um sinal claro da insatisfação destes profissionais de saúde, apesar daquilo que diz ter sido uma "manobra de diversão" por parte do Ministério da Saúde e de outros sindicatos de enfermagem, numa referência à reunião em que o Governo chegou a acordo com cinco sindicatos deste setor, para aumentos salariais.
As negociações com o SEP decorrem à margem destes sindicatos e José Carlos Martins aguarda ainda por uma reunião com a ministra da Saúde. Acredita que não está em causa haver ou não um encontro com o Governo, mas o líder sindical não descarta convocar novos protestos, caso o Ministério não aceda às exigências dos enfermeiros.
A TSF recolheu também o testemunho de Ana Nunes, enfermeira da Unidade Local de Saúde do Algarve. Trabalha há 17 anos no setor, 12 dos quais no serviço hospitalar, e garante que o descontentamento é semelhante tanto entre os médicos como entre os enfermeiros. "Existe uma grande carência de enfermeiros, a profissão é desvalorizada e nós [enfermeiros] sentimos que temos cada vez menos capacidade de nos sustentar, a nós e às nossas famílias. É por isto que muitos optam pela emigração", explica a profissional de saúde, uma das muitas pessoas que estiveram, debaixo de chuva, em frente ao edifício do Ministério da Saúde, em Lisboa. Ana Nunes garante ainda que os enfermeiros "não se deixam enganar" e exigem uma justa valorização e atualização da carreira", que explica não ter só a ver com a remuneração, mas também com a "penosidade" da profissão.
Esta quarta-feira marca o segundo e último dia de greve dos enfermeiros, depois de um primeiro dia com uma adesão a rondar os 70%.
