"Não nos encostem à parede." Movimento encena operação policial do Martim Moniz na Avenida de Roma
Duas dezenas de pessoas quiseram recordar a polémica ação das autoridades na Rua do Benformoso, no mês passado, avisando que operações destas só acontecem nas periferias da cidade
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Cerca de 20 pessoas juntaram-se, esta sexta-feira, na Avenida de Roma, em frente ao Fórum Lisboa, para encenar a operação de segurança que a polícia realizou na Rua do Benformoso, no dia 19 de dezembro. O momento foi organizado pelos responsáveis da manifestação "Não nos encostem à parede", marcada para sábado, dia 11 de janeiro, em protesto contra a polémica ação das autoridades, no mês anterior.
O grupo encostou-se à parede, como fizeram centenas de imigrantes no Martim Moniz, argumentando que operações destas só aconteçam nos bairros pobres da cidade. Miguel Garcia, um dos responsáveis por este protesto, explica que escolheram a Avenida de Roma por ser "um espaço público em que não há registo deste tipo de intervenções policiais", e tudo por causa da lei, acrescenta Nuno Ramos de Almeida.
O ex-jornalista e membro do Movimento Vida Justa, que também está por trás do protesto, sublinha que "há uma diretiva para as chamadas zonas urbanas sensíveis, que faz com que os bairros lisboetas tenham um policiamento musculado e que, mensalmente, as pessoas sejam encostadas à parede durante uma hora ou hora e meia, sem se poderem mexer". Para Nuno Ramos de Almeida, a operação da Mouraria reflete a ação "de um Estado cujo único serviço social que presta às populações da periferia e mais pobres é uma repressão policial".
A encenação durou pouco mais de cinco minutos, debaixo de chuva. Mereceu alguns olhares curiosos, sendo que o objetivo, esclarece Miguel Garcia, era também o de "alertar as pessoas para a manifestação de [sábado], dia 11 de janeiro, entre a Alameda e o Martim Moniz, contra o racismo, a xenofobia e o preconceito".
