"Não passa pela cabeça" de Montenegro que Costa não responda a questões do PSD
Trinta dias passaram e António Costa ainda não respondeu às questões do PSD sobre a alegada intromissão política no Banco de Portugal. Depois de audiência em Belém, Luís Montenegro diz que "não lhe passa pela cabeça" que respostas não cheguem.
Corpo do artigo
Diz o ditado que "água mole em pedra dura tanto bate até que fura" e parece que esse é o espírito de Luís Montenegro sobre as respostas que aguarda do primeiro-ministro sobre a alegada intromissão no Banco de Portugal. Isto porque nas duas últimas intervenções públicas do líder do PSD este tem sido o tema vincado, dizendo Montenegro que não lhe passa pela cabeça que o primeiro-ministro não responda.
Realçando que "faz um mês" que as 12 perguntas foram enviadas para São Bento, Luís Montenegro diz que continua sem resposta da parte do chefe do Governo. Mas e se as respostas não chegarem? "Têm de chegar, não me quer passar pela cabeça que ele não tenha a hombridade institucional de cumprir aquilo que é um dever que a lei e a Constituição lhe impõem de esclarecer o parlamento sobre as questões que lhe são colocadas. Isso não me passa pela cabeça, seria um desvio completo ao normal funcionamento institucional entre o parlamento e o governo".
TSF\audio\2022\12\noticias\23\filipe_santa_barbara_montenegro_em_belem
No entanto, até quando está disposto a esperar para saber se, por exemplo, avança com uma comissão parlamentar de inquérito, isso Luís Montenegro não esclarece.
Em causa as acusações do antigo governador do Banco de Portugal sobre a atuação de António Costa na resolução do Banif e de alegada intromissão política relacionada com a postura do regulador face a Isabel dos Santos.
Cooperação "impecável" com Belém
As declarações foram feitas por Montenegro à saída de uma audiência no Palácio de Belém numa nova tradição que o líder do PSD pretende inaugurar: apresentação de cumprimentos de boas festas por parte do líder da oposição ao Presidente da República. Afinal, destaca o social-democrata, é "uma prática que em vários países europeus acontece" e que espera "que fique instituída doravante".
Mas de quem partiu a ideia? Isso Montenegro não esclarece, diz apenas que foi "combinada entre os dois". Mas nem só de boas festas se falou, o governo foi assunto em cima da mesa, tendo o líder social-democrata falado numa "governação à vista do PS" sem olhar para questões estruturantes, denunciando, por exemplo, incumprimentos nos pagamentos do Estado aos bombeiros ou fracas execuções do PRR.
Ficando patente a normal tensão política com o governo e com São Bento, como está neste momento a relação com Belém? "A questão não se coloca na sintonia, coloca-se do ponto de vista da cooperação e colaboração institucional e essa tem funcionado de forma absolutamente impecável", diz Montenegro.
Mais: Montenegro considera que ele não precisa de Marcelo para fazer oposição, nem o Presidente precisa do líder do PSD para o papel que desempenha no sistema político, aquilo que é preciso é "espírito de colaboração institucional" e esse, pelos vistos, é "impecável".
15386136