"Não podemos ficar descansados." Necessário controlo de voos para evitar disseminação de variantes
João Paulo Gomes insistiu na necessidade de um controlo eficaz dos voos, para perceber a origem dos passageiros.
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Na reunião no Infarmed, entre especialistas e políticos, João Paulo Gomes defendeu um maior controlo na entrada de cidadãos no país. O especialista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) explicou que a variante sul-africana está disseminada em Moçambique e noutros países com histórico de voos para Portugal.
Sublinhando a ideia de que a situação epidemiológica em Portugal depende da situação nos outros países, João Paulo Gomes insiste na necessidade de um controlo eficaz dos voos, para perceber a origem dos passageiros.
"A última coisa que queremos é que se repita o que aconteceu com a variante britânica", frisou, especialmente porque, no caso desta variante sul-africana, há mutações associadas à falha dos anticorpos, com situações de falência da vacina perante o vírus.
"Não queremos assistir à disseminação comunitária da variante sul-africana", sublinhou João Paulo Gomes.
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A variante britânica é agora a dominante em Portugal, com uma prevalência de mais de 70 por cento. O cientista do INSA referiu, ainda assim, que a estimativa é feita por baixo, motivo que o leva a afirmar que a variante pode mesmo representar já cerca de 80% dos casos detetados em Portugal.
"Em Inglaterra é já próximo dos 100% e o mesmo vai acontecer noutros países numa questão de tempo. Na Dinamarca já passou os 90%, na Irlanda era há três semanas de 90% também. Depois, temos Suíça, Portugal, Áustria e Alemanha com um crescimento acelerado e todos eles acima dos 50-60%, portanto, não é de estranhar se todos estes países estiverem daqui a algumas semanas acima dos 90% de casos de Covid-19 provocados pela variante do Reino Unido", explicou.
Quanto à variante da África do Sul, foram detetados 24 casos em Portugal - o que é um número relativamente modesto, quando comparado com, por exemplo, a Bélgica, que tem acima de 300 casos, ou o Reino Unido, que tem mais de 250. No entanto, sublinha João Paulo Gomes, "não podemos ficar descansados com isto".
"A situação epidemiológica de Portugal depende fortemente da situação epidemiológica que se for verificando nos outros países", assinalou o investigador do INSA, reforçando que esta variante está relacionada a "falências vacinais" pelas características da sua mutação.
Com um aumento significativo da realização de testes rápidos de antigénio no contexto da testagem nacional, João Paulo Gomes defendeu ainda a importância da repetição com testes moleculares em caso de resultado positivo para assegurar um controlo eficaz das variantes.
Variante britânica responsável por mais de 70 por cento dos casos em Lisboa
O especialista referiu ainda a variante brasileira de Manaus, que, até à data, registou 16 casos em Portugal. Também quanto a esta variante Portugal está "dentro da média dos outros países" e, note-se, "muito distante da Itália", que tem o maior número de casos (cerca de 160).
André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde, sublinhou na intervenção inicial que a prevalência da variante associada ao Reino Unido em Lisboa e Vale do Tejo é agora de 73.3 por cento. No Norte e Centro situa-se entre 60 e 65. No Algarve, as estimativas apontam para 70 por cento e no Alentejo para 30 por cento.
A variante britânica tem agora uma prevalência superior em território nacional, "como seria de esperar".
Os políticos e os especialistas reuniram-se esta terça-feira, no Infarmed, para debater a evolução da pandemia no país. Portugal iniciou o plano de desconfinamento há uma semana.
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