"Não queremos que a PSP seja um instrumento político ao serviço de um Governo"
À TSF, o sindicalista Paulo Santos critica a atuação do Governo perante a onda de contestação criada pelas operações policiais como a realizada na semana passada no Martim Moniz, em Lisboa
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O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Santos, criticou esta quarta-feira, em declarações à TSF, a atuação do Governo perante a onda de contestação criada pelas operações policiais como a realizada na semana passada no Martim Moniz, em Lisboa.
“O senhor primeiro-ministro e os membros do Governo, do ponto de vista executivo, tem tido comentários e uma narrativa que mais parecem substituir aos próprios diretores de polícia”, começou por dizer Paulo Santos, considerando que isto, por vezes, leva a outras interpretações.
Não queremos a PSP e os seus profissionais estejam aqui a ser um instrumento político ao serviço de um Governo. Nós estamos ao serviço das populações.
Paulo Santos considerou ainda que “há um despique político partidário aproveitado pelos outros líderes” através de uma “instrumentalização” do próprio trabalho das forças de segurança.
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, alegou que a operação PSP no Martim Moniz foi "muito importante" para aumentar a sensação de tranquilidade em Portugal. Mas para o sindicalista, é preciso fazer mais do que operações policiais para que exista uma real sensação de segurança.
“Queremos acreditar que o cidadão também fica com uma perceção de segurança se diariamente as esquadras estiverem apetrechadas com meios, com carros-patrulha com efetivos, com condições de resposta”, frisou.
Não estamos contra as operações, mas a verdade é que a perceção de segurança que é criada não é só por essa via.
Na quinta-feira passada, durante a tarde, um forte dispositivo policial cercou a rua do Benformoso onde há uma grande comunidade de cidadãos do subcontinente indiano, e revistou centenas de pessoas, tendo detido duas pessoas.
A ação da PSP tem sido criticada por associações de imigrantes, grupos antirracistas e várias forças políticas, que acusam a força policial de estar ao serviço da propaganda do Governo contra os cidadãos estrangeiros irregulares