"Não queria ficar parada." Bragança foi o distrito onde abriram mais empresas na pandemia
Na cidade facilmente se encontram pessoas que não tiveram receio de começar um negócio.
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O distrito de Bragança foi aquele onde abriram mais empresas em pleno período de pandemia. Segundo a empresa Informa D&B, o distrito cresceu 32% na criação de empresas à frente de Évora com 24% e Beja com 18%. Todo o interior, aliás, parece ter sido beneficiado pela pandemia, onde se registam valores positivos de investimento, ao contrário dos distritos do litoral onde parece haver um retrocesso.
Na cidade de Bragança facilmente se encontram pessoas que não tiveram receio de começar um negócio. É o caso de Cândida Isabel que depois de se reformar não se via a ficar em casa. "Não queria ficar parada e queria ter um lugarzinho onde pudesse estar e ocupar o tempo e ao mesmo tempo ganhar alguma coisa."
Há um mês que abriu uma loja de produtos da terra em pleno centro histórico. Uma loucura confessa. "É, não é? É uma loucura mesmo abrir isto numa altura destas, mas era um sonho que tinha por aqui produtos biológicos, produtos regionais porque temos que nos virar para os produtos da terra", afirmou Cândida Isabel.
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E um mês depois começa a sentir o efeito da falta de clientes. "As coisas em vez de melhorarem estão a piorar e as coisas estão a ficar muito complicadas", reconhece.
Sem medo e com fé, o casal Juliana Dias e João Saldanha abriram o Sótinho. Um bar de vinhos e petiscos transmontanos. Um projeto que começou em 2017. "Coincidência das coincidências veio aprovado em março quando começámos o estado de emergência. Então dissemos é para ir para a frente, seja o que Deus quiser. Decidimos abrir dia 13 de novembro, sexta-feira 13, que por acaso também foi véspera de entrada do segundo estado de emergência", recordam os donos do Sótinho.
Coincidências astrais, do destino e dos ditos transmontanos. Ao nome Sótinho, de Sótão pequeno junta-se o slogan Pomada e mata-borrão. Pomada de vinho, mata-borrão de petiscos. "Eu mais da pomada e ele mais da parte do mata-borrão", refere.
A psicóloga e o contabilista abriram na rua direita de Bragança, que é torta, também na zona histórica... pode ser que ajude. Não muito longe, a Penhas-Consultoria e Eventos abriu pelas mãos de Sónia Reis e Daniela Tomás. "Em fevereiro abrimos a empresa e a dez de março cai uma pandemia mundial. Foram quinze dias duros mas como diz o vídeo da nossa apresentação a pandemia que nos tirou a liberdade não nos tirou a coragem para enfrentar novos desafios", explica.
Daniela teve também a coragem de se mudar das Caldas da Rainha para Bragança, terra que conhecia desde 2011. "Cada vez que entrava na rotunda das cantarias sentia-me como que a entrar em casa. E pensei sempre que era uma terra muito rica a todos os níveis", confessa.
A Penhas, com a pandemia, adaptou-se para o online e dá assistência a cerca de 100 empresas a nível nacional e já estão a preparar a parte turística. "Porque acreditamos que quem vem a Trás-os-Montes não vem apenas visitar tem de sair daqui com uma experiência", afirmam.
Experiências e desafios arrojados em tempos de pandemia que todos (as) querem passar com distinção.