"Não sentimos esse apoio." Agrobio pede ao Governo medidas de incentivo à agricultura biológica
Jaime Ferreira, presidente da associação, explica, em declarações à TSF, que este é um setor em expansão e que futuro será marcado por "produtos biológicos cada vez mais acessíveis".
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A associação portuguesa de agricultura biológica, Agrobio, pediu esta quarta-feira ao Governo medidas para que o setor usufrua de mais incentivos e se torne mais forte.
No dia em que abre a Organic Food Iberia, a principal feira de produtos biológicos da Península Ibérica, Jaime Ferreira, presidente da associação, defende que é necessária uma alteração dos critérios de atribuição de subsídio, que atualmente são distribuídos em função dos hectares dedicados à agricultura biológica, nomeadamente pastagens cujo produto final pode não ser biológico.
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Ferreira aponta assim em declarações à TSF, que os incentivos deveriam ir mais ao encontro "das preferências dos consumidores". "A questão dos legumes, das frutas, das leguminosas, acho que isso é fundamental", afirma.
A importância dos chamados campos de demonstração é sublinhada pelo presidente da associação, que explica que estes são os espaços "onde se estabelecem determinadas culturas por região, e até do país, que se querem promover", uma iniciativa essencial para atrair os novos agricultores para a produção biológica.
"Os novos agricultores, ou candidatos a agricultores, vão ver como é que se fazem estas culturas, quais são as dificuldades, quais são as funções que existem, e isso é um aspeto fundamental que nós não temos visto e não temos sentido esse apoio", explica à TSF.
Sobre a assistência técnica prestada aos trabalhadores, Ferreira afirma que esta pode ser feita por "associações mistas, que não são só de agricultura biológica", mas que a Agrobio é "a organização que tem o maior grau de associados e que pode prestar mais apoio" através das parcerias que tem pelo país. Para o presidente, este é "outro aspeto" que deveria promover uma assistência técnica acessível, apoiada, aos agricultores.
TSF\audio\2023\06\noticias\07\jaime_ferreira_2_area_aumentaNós sabemos que há cada vez mais agricultores a querer fazer agricultura biológica e cada vez mais consumidores
A expansão do consumo de produtos biológicos é acompanhada também por um crescimento na área da produção.
"Temos cerca de 16 mil produtores e cerca de 755 mil hectares em agricultura biológica", o que Jaime Ferreira considera serem números positivos para atingir o objetivo europeu "de chegar aos 25% da superfície agrícola útil da Europa, em agricultura biológica, em 2030".
"Neste momento, temos 19%, portanto, eu acho que nós estamos bem encaminhados para isso ser atingido", conclui.
Quanto à crença de que os produtos biológicos são sempre os mais caros, o presidente da Agrobio afirma que, com a guerra e consequente inflação, foram os produtos convencionais que viram um maior aumento do custo.
"Parte dos fertilizantes ou da matérias-primas, até vinham da Ucrânia ou da Rússia, que é aquilo que nós não usamos", atira.
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O produtor diz ainda que "só naquele período inicial, em que há adaptação dos agricultores a esta nova forma de fazer agricultura, é que os agricultores têm custos mais elevados" e que uma vez ultrapassado "este período chamado conversão e dominando as técnicas, os custos de produção tendem a baixar".
"O que nós vamos ver claramente no futuro são produtos biológicos cada vez mais acessíveis", remata.
A Organic Food Iberia é organizada por Portugal e Espanha e, este ano, é vocacionada para a conquista dos mercados do norte da Europa.