"Não somos diferentes." No Dia Internacional do Povo Cigano denuncia-se o crescimento da discriminação
À TSF, Susana Silveira considera que "é uma vergonha a política que se está a fazer, com o crescimento da extrema-direita"
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O Dia Internacional do Povo Cigano assinala-se esta terça-feira e a associação Costume Colossal alerta para os problemas que a comunidade enfrenta em Portugal e denuncia o crescimento do racismo e da discriminação contra o seu povo.
"Não somos diferentes relativamente à habitação, relativamente à saúde pública, relativamente a todos estas dificuldades que todos nós portugueses a passar, mas, sobretudo, relativamente aos atos de racismo e discriminação que temos vindo a sofrer, que cada vez são mais e cada vez somos mais visados politicamente. É uma vergonha a política que se está a fazer, com o crescimento da extrema-direita", argumenta Susana Silveira, fundadora da associação, em declarações à TSF.
A líder associativa explica que há apoios para a comunidade que estão num impasse e dá o exemplo da Estratégia para a Integração das Comunidades Ciganas 2022-2030, que ainda não avançou e que, por causa disso, há projetos associativos que vão ficar pelo caminho.
"Uma das coisas que nós expressámos bastante é a nossa preocupação relativamente à estratégia, porque com a estratégia vem também um pequeno, que é um pequeno mesmo, fundo que se chama Fundo de Apoio à Estratégia, designado por FAP, que são apenas dez mil euros anuais para realizar um projeto que normalmente tem duração de 12 meses. E com a falta de estratégia, este projeto não existe. Uma das situações que também nos preocupa bastante é que existia um Observatório das Comunidades Ciganas, que era um observatório que existia em Portugal há dez anos, que foi fundado com dinheiros públicos e que, com a fusão do Alto Comissariado para as Migrações com a AIMA, o mesmo deixou de existir e era a única informação fidedigna, porque não existe em mais nenhum local em Portugal, que existia das comunidades ciganas", explica.
Em Espanha, o governo de Pedro Sánchez decidiu decretar o ano de 2025 como o Ano do Povo Cigano, numa iniciativa que assinala os 600 anos da chegada desta etnia à Península Ibérica. O Executivo quer destacar o enriquecimento linguístico e cultural que o povo cigano tem deixado na cultura espanhola, apesar de continuar a viver situações de desigualdade.
