"Não somos portugueses de segunda". Alcáçovas quer posto da GNR a funcionar 24 horas por dia
O posto da Guarda Nacional Republicana da freguesia está apenas a funcionar entre as 9h e as 17h. Presidente da junta de freguesia já pediu encontro com o ministro da Administração Interna.
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Tranquilidade já foi uma melhor palavra para descrever a segurança em Alcáçovas. A pacatez e o espírito familiar ainda continuam a ser marca nesta freguesia do concelho de Viana do Alentejo, com pouco mais de 2.000 habitantes. Mas, nos últimos meses, a vila tem sofrido uma vaga de assaltos que não sossega a população. "Houve tempos em que as pessoas estavam mais descansadas. Em que podiam ir ao café e deixavam o carro destrancado, em que podiam deixar a janela aberta porque tinham ido à mercearia comprar alguma coisa", recorda o presidente da junta de freguesia da localidade.
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O problema adensa-se quando, ao aumento da insegurança, se junta o facto de o posto da GNR da vila só estar a funcionar oito horas por dia, entre as 9h00 e as 17h00. Frederico Carvalho descreve o sentimento de "impotência" que a equipa da junta de freguesia sente, por não conseguir fazer grande coisa para resolver o problema. Daí surgiu uma solução de último recurso: pedir uma reunião com o ministro da Administração Interna.
Os assaltos acontecem, mas são cada vez menos aqueles que se dão ao trabalho de apresentar queixa. "Claro que incentivamos qualquer freguês a apresentar queixa. Mas, infelizmente, muitas vítimas, já desistem de oficializar essas queixas. Porque sabem que depois provavelmente vão dar em nada", relata o presidente da junta de freguesia. O representante do poder local reconhece que "não nos podemos substituir às forças de autoridades". O facto de já muitos saberem que a determinada hora já não há polícia por perto, potencia alguns deslizes. "Há miúdos que não têm carta, que aproveitam e que, depois de passar a última ronda da noite, sabem que podem andar de motorizada ou de carro, porque já não correm o risco de ser apanhados", conta Frederico Carvalho.
A TSF já pediu esclarecimentos ao ministério da Administração Interna, para saber se já há data para o encontro entre o autarca e o governante. Apesar de não haver ainda certezas sobre quando acontecerá o encontro, Frederico Carvalho tem já afinada a mensagem que quer deixar, que passa por reivindicar um aumento no número de efetivos no posto da GNR.
"Não somos portugueses de segunda. Queremos ter condições mínimas de vivência, de trabalho. Não queremos que o nosso sonho seja destruído por alguém que quer passar impune. É importante que as forças de segurança consigam garantir o estado de direito", conclui.