Maria Teresa Horta está em isolamento profilático, considera que com a pandemia a cultura foi esquecida e diz que se sente num filme de Hitchcock.
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A escritora e jornalista foi distinguida pelo governo com a Medalha de Mérito Cultural, prémio que recebe com dupla satisfação pelo facto de ser atribuído por uma mulher, a ministra Graça Fonseca.
Fechada em casa desde quinta-feira, porque teve contacto com um caso positivo Covid-19, a medalha de Mérito Cultural trouxe cor as dias. "Não estava à espera, escrevo porque quero escrever, não sou capaz de viver sem escrever. Mas tenho um prémio dado por uma mulher que é ministra da cultura e isso para mim é uma dupla satisfação".
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A ministra da cultura destaca o percurso ímpar de Maria Teresa Horta na história da cultura portuguesa, como artista, como romancista, como poeta e como cidadã que combateu sempre ao lado da liberdade das mulheres e dos homens."Lutei sim, era minha obrigação e de todos nós anti-fascistas lutar pela liberdade, foi o que eu fiz".
Maria Teresa Horta tem 83 anos e continua a escrever todos os dias. "É o que tenho a dizer de mais fundo, de mais importante e isso faz-me aguentar, sou a minha poesia".
A escritora está em isolamento profilático desde a semana passada."Estou bem, sem febre, sem qualquer sintoma, nenhum. Agora não é nada agradável, é muito cato, uma espécie de filme de Hitchcock. Mas ficamos preocupados, era inconsciente não ficar".
Lamenta que a pandemia tenha deixado a cultura esquecida."Pior que esquecida, está posta de parte. Não se vê ninguém, os cinemas vazios, as livrarias, os teatros... é muito grave".
No próximo ano, Maria Teresa Horta vai publicar o livro "Paixão"... poemas que contam a história de amor que viveu com o marido, Luís de Barros, que morreu há quase um ano.
A cerimónia de atribuição da Medalha de Mérito Cultural iria realiza-se este mês, mas devido à pandemia foi adiada para maio do próximo ano.