"Não temos 435 em condições de concorrer." Vagas para médicos de família devem sobrar
O representante dos médicos de família explica que há uma diferença entre o número de vagas a concurso e o número de profissionais que terminaram a especialidade.
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O presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar espera que em outubro a maioria das vagas do concurso para médicos de família esteja ocupada, mas acredita que o número será mais baixo do que os lugares disponíveis. Há um mês, o Ministério da Saúde abriu o concurso para 435 médicos de família, mais 37 vagas do que no ano passado. O despacho do Governo chegou com algum atraso e depois de muitas críticas por parte dos sindicatos.
Em entrevista à TSF, o representante dos médicos de família é perentório: "não temos 435 médicos em condições de concorrer". Rui Nogueira explica que há uma diferença entre o número de vagas (435) e o número de profissionais que terminaram a especialidade (395). Além desta diferença, o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar defende que o SNS não consegue atrair todos os médicos, ou seja, na visão do especialista, se forem ultrapassados os 300 lugares ocupados "já será muito bom".
De acordo com o Ministério da Saúde, destas 435 vagas, metade são em Lisboa e Vale do Tejo, 86 no Norte, 64 no Centro, 34 no Alentejo e 35 no Algarve. Para Rui Nogueira esta diferença é mais um fator que afasta muitos candidatos, sobretudo quando a maior capacidade formativa está no norte do país. "A discrepância é tão grande que há dois candidatos por cada vaga no Norte e na região de Lisboa há duas vagas por cada candidato, há o dobro das vagas", sustenta.
Questionado sobre que soluções podem ser implementadas, Rui Nogueira aponta um dos caminhos possíveis: "aumentar o número de vagas de formação de médicos na região de Lisboa".
"Nós não vamos ter possibilidade de atrair todos os médicos disponíveis para o SNS e vamos perder 80 ou 100 médicos que estão formados e que não conseguimos ter apoios suficientes para que os colegas se desloquem e consigam concorrer a estes lugares e aceitar estes lugares", remata.