"Não temos meios investigatórios." Inspetora-geral admite que número de castigos por racismo nas forças de segurança é baixo
"Não temos meios investigatórios, designadamente de poder apreender computadores, de poder fazer peritagens a computadores", disse Anabela Cabral Ferreira em entrevista à TSF e ao Diário de Notícias
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A inspetora-geral da Administração Interna, Anabela Cabral Ferreira, admite que o número de polícias e militares da GNR castigados por mensagens xenófobas, homofóbicas e racistas partilhadas nas redes sociais é baixo e queixa-se da falta de meios para investigar.
"Eu diria que mais de 50% destas mensagens circulavam em redes fechadas. Depois, relativamente àquilo que foram os resultados, há aqui duas circunstâncias relevantes. A primeira é que, pelos perfis que analisámos, não conseguimos, em muitos casos, chegar a identidade das pessoas que postaram aquelas mensagens, ou porque usavam siglas, ou porque usava o nicknames. Enfim, não conseguimos, até porque não temos meios investigatórios, designadamente de poder apreender computadores, de poder fazer peritagens a computadores. Portanto, tínhamos de nos limitar àquilo que estava a circular em redes abertas", disse a inspetora-geral em entrevista à TSF e ao DN, que vai para o ar na sexta-feira, depois das 13h00.
O processo começou há dois anos e o Diário de Notícias noticia esta quarta-feira que seis polícias e militares foram castigados com a pena disciplinar máxima de despedimento, depois de instruídos 13 processos disciplinares, num universo de quase 600 suspeitos.
"Há aqui outra terceira circunstância que é o facto de haver um número que eu diria superior a 30 situações em que se tratava de mensagens que podiam claramente enquadrar sanções de natureza disciplinar e algumas até criminal, mas tratava-se de militares da GNR ou polícias que já estavam reformados", explica Anabela Cabral Ferreira.
A inspetora-geral da Administração interna destaca um caso: "Há cinco processos que foram arquivados, porque foram considerados amnistiados. Depois, há três em que foram aplicados 90 dias de suspensão, noutro 45 e noutro 120. Aquele em que foram aplicados 120 dias de suspensão é aquele que nos pareceu mais grave porque se tratava de alguém que fazia apologia da supremacia branca."
A entrevista com Anabela Cabral Ferreira vai para a antena da TSF na sexta-feira, depois das 13h00.
