"Não vamos nomear políticos para a TAP. Precisamos de administradores qualificados"
Pedro Nuno Santos admite que a empresa está sobredimensionada, o que implica uma redução do número de rotas, aviões e trabalhadores.
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Pedro Nuno Santos garante que a futura equipa que vai gerir a TAP vai ser "altamente qualificada". Em entrevista à SIC, o ministro das Infraestruturas e da Habitação adianta que a seleção vai ser feita através de uma empresa estrangeira, com o objetivo de ganhar a confiança dos portugueses.
Questionado sobre o custo dos novos administradores, Pedro Nuno Santos lembra que "o mais caro é ter gestores incompetentes a gerir a empresa". O ministro sublinha que os melhores gestores estão no mercado, e que o Governo tem de estar preparado para pagar por um bom gestor.
Pedro Nuno Santos reconhece que "há gente capaz em Portugal", mas a nomeação não pode ficar restringida ao país. Além disso, o ministro deixa a garantia: "Não vamos nomear políticos para a TAP. Precisamos de administradores altamente qualificados".
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Quanto ao plano de restruturação, o governante admite que a empresa está sobredimensionada, o que implica uma redução do número de rotas, aviões e trabalhadores.
O objetivo é elaborar o plano "o mais rápido possível", apesar dos seis meses estipulados para apresentar a proposta à Comissão Europeia. Pedro Nuno Santos lembra que é preciso encontrar um equilíbrio entre a viabilidade e a dimensão da TAP. "Nesta fase, não podemos fazer especulações sobre a dimensão da restruturação".
Por estes dias, muitos são aqueles que se recordam dos empréstimos sucessivos ao Novo Banco. Questionado sobre as comparações, o ministro refere que as dúvidas são "naturais", mas que "deixar cair a TAP significaria um prejuízo muito pior para o país". Pedro Nuno Santos recorda que a companhia aérea compra 1300 milhões de euros às empresas nacionais.
"Nós sabemos que vamos ter uma TAP de menor dimensão, mas é a única hipótese de manter uma TAP viável. Depois da pandemia, a companhia também pode crescer."
"Humberto Pedrosa é um empresário patriota"
O governante garante que sempre tentou fugir à nacionalização, apesar de o Governo estar pronto para aprovar a medida em Conselho de Ministros. A solução foi pagar 55 milhões de euros a David Nealmen, e na opinião do ministro "foi uma solução boa, que permite ter paz e pensar na TAP".
Pedro Nuno Santos lembra que o Estado fica com 72,5%, mas "um cidadão português fica com 22,5%". O ministro diz que Humberto Pedrosa, desde a primeira hora, quis aceitar as condições do Governo.
"Humberto Pedrosa é um empresário patriota. Podia entrar num processo de exigência com o Estado. Não podemos esquecer que não pediu nada em troca para se manter na empresa, e aceita as condições que o seu sócio não aceitou."
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O ministro adianta ainda que Humberto Pedrosa vai ter um papel relevante na TAP.
Quanto à relação da companhia aérea com o Norte, Pedro Nuno Santos lembra que o Porto tem uma dimensão "brutal" para o país, mas nota que ninguém ganha com visões regionalistas.
"A Efacec é uma empresa do Norte e foi nacionalizada. Nós somos uma comunidade nacional. No dia em que começarmos a ver as coisas dessa forma, quebramos os elos de solidariedade no país."
O ministro sublinha que os ganhos da companhia aérea representam lucro para Portugal e não apenas para uma determinada região. Ainda assim, admite que não é aceitável que se olhe para o Porto "como uma coisa sem interesse".
Reprivatização? "Não podemos fechar portas"
Numa altura em que o Governo nacionalizou, igualmente, a Efacec, e já procura novos investidores privados, as mesmas questões se colocam quanto ao futuro da TAP. Pedro Nuno Santos lembra que o mercado da aviação é desafiante, e que o Executivo não pode fechar portas a novas soluções. "Se nós gostamos da TAP e achamos que é importante para o país, não a podemos deixar viver sozinha".
Ainda assim, o ministro lembra que as companhias aéreas, nesta altura, estão concentradas nos problemas internos.
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Nesta sexta-feira, o CDS e o PSD defenderam a reprivatização da companhia aérea. Por outro lado, Bloco de Esquerda e PCP defendem a nacionalização efetiva da TAP.
Pedro Nuno Santos recorda que a Comissão Europeia faz uma avaliação da companhia consoante os prejuízos da empresa, "e não por palavras dos ministros".
"Em nenhum canto do mundo, uma empresa assim, não é uma empresa com dificuldades", aponta.
Pedro Nuno Santos finalizou pedindo aos comentadores para estudarem os dossiers, antes de falarem sobre as temáticas. Recorde-se que o ministro das Infraestruturas e da Habitação foi criticado por falar publicamente em "má gestão" na companhia aérea portuguesa.