Presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais acredita que, três décadas depois, cidade está muito mais preparada, quer em termos de planificação, quer em termos de meios de combate. Regimento de Sapadores Bombeiros dispõe de mais de 800 efetivos
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Trinta anos volvidos, voltar a ocorrer uma tragédia como a que atingiu o Chiado seria praticamente impossível. É essa a convicção de Fernando Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANPB), que "não tem dúvidas" de que a cidade não voltará a enfrentar um incêndio igual ao que atingiu perto de duas dezenas de edifícios entre as ruas do Carmo e Garrett, entre os quais os Armazéns Grandella, os do Chiado e os estúdios da Valentim de Carvalho. Quanto à intervenção, "em termos de meios humanos e materiais a cidade de Lisboa tem o Regimento de Sapadores de Bombeiros numa condição que não tinha há meia dúzia de anos", acrescenta o dirigente.
"O Regimento de Sapadores Bombeiros tem dois planos neste momento. Tem um plano formativo que investe, através da escola, nos recursos humanos para intervir na zona histórica, para saber como intervir, porque Lisboa tem ainda casas do tempo do Marquês de Pombal, casas que ardem com muita rapidez em zonas muito antigas, e depois tem todo o (plano de) investimento em termos materiais que tem a ver com as próprias viaturas", explica.
"Neste momento, o Regimento de Sapadores Bombeiros chega num curto espaço de tempo às zonas a que não chegava em tempo útil. Havia ruas muito estreitas, ou os carros não nos deixavam entrar... Neste momento há uma planificação geográfica nas ruas da capital", salienta Fernando Curto, acrescentando que há estruturas próprias que tornam as vias intransitáveis para viaturas de cidadãos comuns mas acessíveis para os bombeiros.
Fernando Curto, em declarações à TSF a propósito do 30ª aniversário do incêndio do Chiado, lembra, também, que a legislação atual é mais eficiente: há vistorias obrigatórias aos edifícios e outras condições de segurança. Desde então, "houve toda uma organização legislativa para os edifícios, para a construção, e tudo isso veio também facilitar o trabalho dos bombeiros e tudo o que tem a ver com a organização".
Pelas contas do responsável da ANBP, o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa tem hoje "mais de 800 efectivos, há garantia de renovação dos profissionais que entretanto se reformarem e o parque de viaturas é incomparável" com o da década de 80. Razões que levam Fernando Curto a considerar que "felizmente, o Chiado veio mudar radicalmente o socorro na cidade de Lisboa".