A localização da nova maternidade em Coimbra está a motivar um desencontro entre o governo e as forças políticas da cidade. Hoje o movimento "Nascer em Coimbra" pediu para se recentrar o debate nas mulheres.
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O movimento "Nascer em Coimbra" surgiu em 2020 para promover a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos na cidade. Em nota de imprensa, o grupo explica que a pandemia "trouxe um retrocesso" quanto aos direitos das mães e também das crianças e dos pais.
Perante o debate de perto de dez anos sobre a construção de uma nova maternidade em Coimbra, o "Nascer em Coimbra" apresentou hoje um documento com 14 diretrizes para pensar "a maternidade que se precisa em Coimbra". Maria Neto, do movimento, diz que o objetivo é "devolver o parto às mulheres" e seguir as orientações da Organização Mundial de Saúde.
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A construção da nova maternidade de Coimbra está atualmente prevista para o perímetro dos Hospitais da Universidade de Coimbra, uma opção confirmada por Marta Temido na Assembleia da República, em novembro de 2020. A posição é criticada pelas forças políticas da cidade, que preferem a construção junto ao Hospital dos Covões.
Perante o debate sobre a localização, Monalisa Barros, do "Nascer em Coimbra", diz que o mais importante é assegurar as condições necessárias para as mulheres. Se as diretrizes exigidas pelo movimento forem asseguradas, Monalisa diz que "não importa muito o local".
O "Nascer em Coimbra" pretende agora fazer chegar o plano desenvolvido às autoridades públicas e quer participar na elaboração de uma estratégia de promoção da humanização do parto na cidade.
O movimento considera ainda importante que o debate não se fique pela nova maternidade, e que enquanto esta não for construída, as duas maternidades existentes em Coimbra devem adotar as recomendações expostas.
O documento apresentado pelo movimento "Nascer em Coimbra" foi construído sobre quatro "princípios basilares":
1. Respeitar os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, casais e o seu protagonismo, enquanto centro dos cuidados.
2. Respeitar a humanização na assistência pré-natal, durante o trabalho de parto, parto e no pós-parto.
3. O pai, a outra mãe, ou outra pessoa escolhida pela mulher para a acompanhar nunca deverá ser considerado/a visita, mas parte integrante do processo de gravidez, parto e pós-parto, e incluído/a em todos os protocolos de assistência, nomeadamente permanecer aquando do internamento da mulher.
4. A saúde mental perinatal deverá ser uma prioridade em todas as etapas da assistência à mulher, casal e recém-nascido