Naufrágio ao largo da Marinha Grande: "Ninguém sabe o que aconteceu, foi o Cabo das Tormentas"

A traineira Virgem Dolorosa "estava numa situação normal de pesca" quando se voltou. Foi socorrida por outras seis embarcações que se encontravam no local. "No momento que isso aconteceu e foi tão rápido, todas as embarcações se aperceberam e dirigiam-se ao local, prestaram o devido socorro e salvaram aquilo que foi possível em termos de tripulação", garante o presidente da Organização de Produtores da Figueira da Foz. O armador António Lé assegura que a embarcação, registada na sua associação, "é uma embarcação moderna, com tudo aquilo que é necessário e mais que isso, em termos de segurança".

A tripulação, constituída por 17 homens, 15 portugueses e dois indonésios, era "muito experiente e trabalhava há bastante tempo na atividade".

Contactado pela TSF, o armador considera que tudo o que se possa dizer em contrário "é mera especulação e uma falta de respeito para os pescadores e para a comunidade piscatória enlutada".

António Lé conta que o alarme foi dado de imediato, porque "há dispositivos de socorro a bordo que automaticamente são acionados e o Port State Control contacta não só o armador, como as embarcações que estão por perto, que são identificadas e contactados os armadores", conta. "Não sendo armador daquela embarcação, fui contactado duas vezes para saber o que se passava e dar o número dos mestres dos barcos que se encontravam perto da embarcação", conta.

"Ninguém sabe o que aconteceu, é um fenómeno", lamenta o armador. António Lé explica que agora caberá às autoridades marítimas fazerem a investigação, mas "as condições do mar eram muito boas, ótimas para o exercício da atividade". "Se nós estivéssemos na História, eu dizia que era o Cabo das Tormentas que apareceu ali e o monstro Adamastor virou [a traineira]", lamenta.

Dos 17 tripulantes, 15 são portugueses e dois indonésios. Foram resgatados com vida 11 pescadores, três morreram e três continuam desaparecidos.