"Necessidade premente." Ministra garante que não vai tomar decisão sobre concentração de urgências sem ouvir autarcas e hospitais
Ana Paula Martins refere que só a pré-triagem de grávidas não resolve os problemas
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A ministra da Saúde defendeu, esta sexta-feira, a necessidade de avançar para um modelo de urgência metropolitana, mas Ana Paula Martins garantiu que o Governo não vai tomar decisões sobre a concentração de urgências de ginecologia e obstetrícia no Hospital Garcia de Orta, na Margem Sul, sem antes escutar autarcas e os hospitais.
“Não podemos legislar um modelo de urgência metropolitana sem falar com aqueles que são o suporte dessa urgência metropolitana”, disse, em declarações aos jornalistas à margem de uma visita ao Hospital de Santa Luzia, em Elvas, distrito de Portalegre, referindo que só a pré-triagem de grávidas não resolve os problemas.
“Percebemos que apenas isso [pré-triagem telefónica] não nos resolvia a situação e que tínhamos que avançar para um modelo de urgência metropolitana”, assinalou, advertindo, porém, que o que está em cima da mesa é ainda uma proposta.
A ministra da Saúde admite que o modelo que o Governo está a estudar para implementar na Margem Sul já produziu bons resultados.
“É uma solução que já foi testada no norte com bons resultados”, afirmou.
A ministra falava sobre a proposta da Comissão Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, coordenada por Caldas Afonso, entregue, há dois dias, ao Governo, para a criação de um centro maternoinfantil na Península de Setúbal, noticiada pelo Expresso.
“Especificamente, tanto quanto nos foi já endereçado, [a proposta] refere-se, sobretudo, à integração do Hospital do Barreiro e do Hospital Garcia de Orta [Almada], num regime, se posso dizer assim, de urgência metropolitana”, realçou.
Já o Hospital de Setúbal, referiu Ana Paula Martins, “fazendo parte deste conceito de centro maternoinfantil, continua a ser um polo”, mantendo-se para dar resposta à sua área e “também para dar um apoio grande ao litoral alentejano”.
Esta proposta, disse, surge após a tutela “reconhecer que, no último um ano e meio ou dois anos, a Península de Setúbal tem tido muitas dificuldades em conseguir dar resposta à área obstétrica e isso é muito penalizador para as mulheres e famílias”.
Considerando que “é uma necessidade premente” encontrar uma solução para a área da Península de Setúbal, a responsável reconheceu que o sistema da pré-triagem telefónica para grávidas naquele território não estava a ter os resultados desejados.
“Voltou a acontecer uma situação que, para nós, é absolutamente insustentável e inadmissível, que é ter a Península de Setúbal sem nenhuma maternidade e bloco de partos disponível e isto foi uma situação que nos levou à urgência da ação”, vincou.
Ana Paula Martins salientou que, ainda que o centro maternoinfantil proposto seja criado, o modelo de pré-triagem telefónica “terá que se manter” para evitar que existam “casos na urgência que não façam sentido lá estar”.
Sobre o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a ministra revelou que a “quase totalidade” das verbas para a área da saúde que resultam da reprogramação vai para “tecnologia que promova a diferenciação das unidades locais de saúde de todo o país”.
