António Costa diz ter registado as palavras de João Oliveira, que esta quinta-feira garantiu que o voto contra do PCP "não compromete em nada o diálogo que se tem mantido desde novembro de 2015".
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O primeiro-ministro considerou hoje que PCP e PEV fizeram uma avaliação "incorreta" do Orçamento Suplementar, mas defendeu que se tratou de "uma exceção que confirma a regra", salientando a abertura destes partidos para negociarem o próximo Orçamento.
Esta posição foi assumida por António Costa na Assembleia da República, após a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2021 ter sido aprovada pelo PS em votação final global com as abstenções do PSD, Bloco de Esquerda e PAN, e os votos contra do PCP, PEV, CDS, Iniciativa Liberal e Chega.
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Interrogado sobre o sinal político dado pelo PCP e PEV de votar contra a proposta de Orçamento Suplementar, sinalizando um eventual afastamento em relação ao PS e ao seu Governo, o primeiro-ministro optou por desdramatizar essa opção no plano político, dizendo que se tratou "da exceção que confirma a regra".
"Assim como o Orçamento Suplementar, o primeiro que apresento desde que sou primeiro-ministro, é a exceção que confirma a regra. Obviamente, gostaria que o Orçamento Suplementar fosse aprovado por unanimidade, mas isso é raro acontecer", alegou.
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Na perspetiva de António Costa, o PCP e o PEV "não fizeram uma avaliação correta deste Orçamento Suplementar" para 2020, mas disse logo depois ter registado que o líder parlamentar comunista, João Oliveira, afirmou na quinta-feira que "esse voto contra não compromete em nada o diálogo que se tem mantido desde novembro de 2015, designadamente para o Orçamento de 2021 e para os anos seguintes".
"Da nossa parte, continuaremos a trabalhar com o PCP e com o PEV no mesmo espírito que temos feito até agora. E gostaríamos que pudesse ser reconstruída uma relação com renovada estabilidade no horizonte da legislatura", frisou o primeiro-ministro, repetindo aquilo que afirmara num discurso que proferiu no debate do Orçamento Suplementar na generalidade.
Ainda no plano político, António Costa defendeu a tese de que a maioria de esquerda parlamentar "que foi capaz de recuperar o país depois da austeridade também deve ser capaz de recuperar o país na sequência da pandemia da covid-19".
Na conferência de imprensa, em nenhum momento, António Costa se referiu ao papel do PSD, mas, antes de abandonar o parlamento, despediu-se do presidente social-democrata, Rui Rio, com um toque de cotovelo.
Questionado se o Orçamento Suplementar traduz um "Bloco Central" PS/PSD, contrapôs que "este é o Orçamento que o país precisa neste momento".
"É um Orçamento muito equilibrado e, por isso, foi aprovado com tranquilidade na Assembleia da República", considerou.
Perante os jornalistas, o primeiro-ministro optou por tentar passar a mensagem de que não haverá austeridade e que será "reforçado o Estado social", sobretudo em termos de proteção do emprego e do rendimento das famílias.
"Procuramos também reforçar a liquidez e a capitalização das empresas para que possam resistir melhor a esta crise. Há ainda um aumento do investimento no Serviço Nacional de Saúde, na escola pública e na Segurança Social", advogou.
De acordo com o primeiro-ministro, agora, o Governo vai concentrar-se na execução do Programa de Estabilização Económica e Social "e abrir desde já "o diálogo para a aprovação do Orçamento do Estado para 2021".
"E também para o essencial programa de recuperação económica, esperando que possa ter o mais amplo consenso possível na sociedade portuguesa, designadamente com os parceiros sociais e na Assembleia da República. Hoje foi dado um passo importante para a estabilização económica e social e agora há que prosseguir esta trajetória", acrescentou.