Negociações "underground". Expansão do Metro do Porto cria clima de desconfiança
O alargamento do Metro do Porto está a criar mal-estar entre algumas autarquias da área Metropolitana do Porto, com autarcas a falarem de um processo obscuro e pouco transparente. O protocolo para consolidação da expansão da rede de metro do Porto é assinado esta sexta-feira.
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O protocolo para consolidação da expansão da rede de metro do Porto, assinado esta sexta-feira, está a criar mal-estar entre autarquias da área Metropolitana do Porto (AMP).
O governo e a AMP vão avançar com os estudos de viabilidade económica para um alargamento a ser decidido até ao final do ano.
De fora desta expansão ficam vários municípios, nomeadamente Espinho.
O presidente da câmara, Joaquim Pinto Moreira, lamenta que o município de Espinho "não tenha sido tido nem achado neste processo" e critica a forma pouco transparente como o processo foi conduzido.
"Parece que há aqui decisões pré-cozinhadas e consertadas por baixo da mesa - permita-me o anglicismo 'underground'. Demonstra que há aqui um mal-estar que está instalado na AMP, um clima de desconfiança que resultam desta opacidade e não disponibilização de elementos", afirmou.
Em declarações à TSF, Joaquim Pinto Moreira garante que não vai estar presente na cerimónia de assinatura do protocolo, uma vez que não está "disponível para participar numa sessão que visa apenas fazer um numero mediático. Recuso-me a fazer papel de figurante".
O autarca lamenta que nem a hipótese de um metrobus tenha sido colocada em cima da mesa para Espinho porque "é uma solução ambientalmente amiga que podia ter-se perspetivado e abranger outros territórios da AMP, nomeadamente aqueles que se situam a sul".
Já o município da Trofa está abrangido na expansão mas o presidente da autarquia, Sérgio Humberto, teme que esteja previsto um sistema de metro bus para a Trofa, quando o munícipio reivindica um metro.
"Oficialmente não nos disseram se é metro ou se é metrobus. Nós temos uma linha complemente dedicada, onde passava o comboio, para a colocação do metro", explica.
O autarca também se queixa de falta de transparência na condução do processo. "Tudo isto é muito nubloso. Espero que não haja aqui má fé e negociações debaixo da mesa com outros municípios para depois não existir dinheiro suficiente para trazer o metro até à Trofa."
O presidente da câmara municipal da Trofa garante que não precisos mais estudos de viabilidade económica porque a construção do metro já estava prevista. "Não há nada que assinar e fazer mais estudos, nós queremos é o metro até à Trofa."
Sérgio Humberto lembra que "foi aprovado em Assembleia da República por todos os partidos, por unanimidade, que o metro até à Trofa era para se construir mal se pudesse".
A autarquia e a população da Trofa estão a organizar uma manifestação para dia 15 de março para exigirem a expansão do metro até ao município, com partida da estação e interface rodoviário da Trofa às 09h30.