Testes do pezinho aos recém-nascidos revelam que a recuperação de 2015 e 2016 no número de bebés inverteu-se nos primeiros quatro meses de 2017.
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A notícia surgiu no final de março: nove meses depois da histórica vitória frente à Inglaterra no Euro 2016, dispararam os nascimentos na Islândia. Por cá, Portugal até ganhou o Europeu de futebol, mas a tendência não se nota.
Depois de um 2016 em que os nascimentos subiram, mantendo uma tendência de crescimento ligeiro face à forte crise demográfica dos anos da troika, entre janeiro e abril de 2017 Portugal voltou a ter, tudo indica, menos nascimentos.
É isso que revelam os números do chamado teste do pezinho do Programa Nacional de Diagnóstico Precoce de doenças genéticas, feito a praticamente todos os bebés portugueses.
Os dados fornecidos à TSF pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) revelam que, em janeiro, as crianças a fazerem o teste diminuíram ligeiramente (-0,2%). Em fevereiro, a tendência de descida agravou-se (-8,9%), tal como em abril (-4,8%), mês em que, curiosamente, passaram 9 meses desde a vitória de Portugal no Europeu.
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O único mês de 2017 em que o país registou um crescimento dos nascimentos terá sido em março, +4,8%.
Ao todo, foram menos 699 as crianças a fazerem o teste do pezinho nos primeiros quatro meses do ano na comparação com idênticos meses de 2016 (-2,5%).
Os dados revelam ainda que só em seis distritos o número de bebés a fazer o teste não desceu. Nos outros doze distritos, mas também na Madeira e Açores, a tendência é de descida, especialmente em Castelo Branco, Guarda e Santarém onde se registaram quedas superiores a 10% no primeiro quadrimestre do ano.
Recorde-se que apesar das subidas de 2015 e 2016, Portugal teve em 2016 apenas 87 mil nascimentos, o que não chega para compensar a mortalidade e renovar as gerações, continuando longe dos 100 mil nascimentos que se registavam, por exemplo, em 2010.
O INSA sublinha que o teste do pezinho não é obrigatório mas tem uma taxa de cobertura de quase 100% dos recém nascidos.
No ano passado, por exemplo, o número de testes foi praticamente igual ao de nascimentos e é o indicador mais fiável para perceber, no curto prazo, como anda a natalidade em Portugal, apesar de poder ficar um pouco acima ou abaixo do número real de partos.