"Nepotismo" e "caciquismo agressivo". IL "tornou-se numa caricatura" e 25 membros deixam o partido
Os liberais falam em "ausência de democracia" e em "apatia". Leia a carta dos 25 membros que abandonam o partido.
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Anunciam a desfiliação da Iniciativa Liberal (IL) por altura do 25 de novembro, "dia em que a Democracia Liberal venceu a Ditadura Totalitária de Esquerda em Portugal", e saem 25 membros de uma só vez. São antigos conselheiros e candidatos nas eleições autárquicas de 2021, que acusam a direção de ter tornado o partido "numa caricatura"
A carta, divulgada nesta quarta-feira, a que a TSF teve acesso, dá conta "da profunda desilusão" destes liberais e revelam "um clima de caciquismo agressivo e de perseguição e ofensas a quem pensa diferente", por parte da atual comissão executiva liderada por Rui Rocha.
"É com profunda desilusão que os membros da IL, aqui signatários, deixaram de acreditar neste partido político, lamentando que um projeto que podia, de facto, mudar Portugal, se tenha tornado numa caricatura daquilo que em 2019 se propôs", escreveram na carta que intitularam "Não foi isto que nos prometeram".
No documento, os membros recuam a 2019, quando testemunharam "com felicidade" a eleição do primeiro deputado do partido e "posteriormente presidente, João Cotrim Figueiredo". Lamentam, no entanto, que a IL se tenha transformado "em tudo aquilo de que padecem os partidos tradicionais".
"Ausência de democracia nos seus órgãos, na domesticação e apatia de muitos núcleos territoriais, desde logo através do seu Regulamento Geral, em propaganda interna nos canais do partido praticamente exclusiva aos dirigentes cimeiros da Comissão Executiva da IL", escrevem.
Os membros reconhecem que a IL se apresentou como um "projeto alternativo e diferente do que existia", mas agora acusam o partido de ter "mitigado" o que outrora defendera "como primordial na sua ação política": "O combate sem tréguas ao Partido Socialista e ao socialismo e comunismo unidos."
"Foi sendo mitigado transfigurado, por puro cálculo político, nomeadamente eleitoral, passando a IL a ser paulatinamente um partido do regime, sem rasgo e ambição", lamentam.
Os 25 liberais afirmam ainda que, "fruto da cedência a minorias ruidosas", o caminho que o partido escolheu foi "o apoio e apelo a causas identitárias, num registo "nem woke, nem anti-woke", de braço dado com as agendas da extrema-esquerda e esquerda radical".