Fernando Maltez alerta que a vacina "pode nunca chegar" e, também por isso, cabe a cada um cumprir com a sua parte no combate à transmissão da doença.
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O diretor do serviço de doenças Infecciosas do Hospital Curry Cabral, Fernando Maltez, admite que está preocupado com os próximos tempos, prevendo dificuldades nas unidades de saúde, caso não se consiga travar os números da pandemia.
O infecciologista confessa que está preocupado porque "os números vão crescer e, portanto, temos que nos preparar para o pior e esperar que aconteça o melhor. Só o futuro dirá se estamos preparados ou não para enfrentar o que aí vem".
Com tanta incerteza, Fernando Maltez sublinha que ainda é muito cedo para afirmar que o país não vai voltar a ficar fechado em casa.
"Com toda a sinceridade nesta fase parece-me demasiadamente prematuro estarmos a adiantar que não iremos mais para uma situação de confinamento. Cabe-nos a nós encontrar um ponto de equilíbrio para que isso não aconteça", sublinha.
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Na opinião do diretor do serviço de doenças infecciosas do Curry Cabral só há uma forma de conseguir pôr um travão no novo coronavírus: cumprir as normas impostas pelas autoridades de saúde.
"Não é a espera de uma vacina que pode nunca chegar que vai impedir a propagação da Covid-19, é sim, cada um de nós ter consciência da necessidade absoluta de respeitar o uso de máscara, o distanciamento social, evitar espaços fechados e de reduzir ao máximo a mobilidade", avisa.
Tendo em conta a necessidade cada vez mais urgente de respeitar as medidas impostas pelo governo Fernando Maltez defende que seria importante avançar com uma campanha de sensibilização para alertar para os riscos do vírus.
"Temos programas de televisão que ao fim de três, quatro minutos são interrompidos para cinco, seis minutos de publicidade (...) seria um espaço bem ocupado com divulgação e informações relativas a esta pandemia."
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Esta campanha de sensibilização é, no entender de Fernando Maltez tão importante como contratar profissionais de saúde ou equipar os hospitais e deveria fazer parte do plano de contingência de combate à Covid-19.
Numa altura em que Portugal enfrenta um aumento de novos casos o infecciologista lembra que é importante olhar para as condições nos hospitais, nomeadamente no que diz respeito ao número de camas nos cuidados intensivos.
Atualmente no Hospital Curry Cabral há 68 doentes internados com Covid-19 e dez nos cuidados intensivos. Fernando Maltez garante que ainda não se pode falar numa situação limite, mas admite que o cenário pode mudar em breve.