"Ninguém está imune à descoordenação." Situação de alerta até domingo, MAI não se demite
Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio rural desde 2 de agosto e este ano já arderam em Portugal 63.247 hectares de espaços florestais, metade dos quais nas últimas três semanas. Acompanhe na TSF
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A ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, revelou esta quinta-feira que a situação de alerta por causa dos incêndios florestais foi prolongada até às 23h59 do próximo domingo.
Sobre a situação no terreno, a governante considerou que "ninguém está imune à descoordenação", afastando, em conferência de imprensa, na sede da Proteção Civil, em Carnaxide, a hipótese de se demitir.
Os termómetros vão registar valores de temperatura "bastante elevados" no interior do país, mantendo-se assim a "situação crítica" no que diz respeito aos impactos do calor extremo nos incêndios florestais que assolam o país.
Em declarações à TSF, Alexandra Fonseca, meteorologista do IPMA, nota que, a partir de sexta-feira, no litoral, Norte e Centro de Portugal continental "poderá haver algum desagravamento" das temperaturas. Ainda assim, o interior vai "continuar muito quente, com valores que justificam o aviso laranja".
"A situação mantém-se crítica para amanhã [sexta-feira] e nos dias seguintes - sábado e domingo -, com estes valores de temperatura bastante elevados no interior [do país] a serem também registados no Algarve a partir de sábado", adianta.
Alexandra Fonseca esclarece mesmo que este "padrão" identificado vai "continuar gravoso", ainda que as temperaturas possam amenizar junto ao litoral oeste.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou na quarta-feira que a próxima sexta-feira será um dia “muito complicado” em termos de meteorologia para o combate aos incêndios florestais que assolam o país.
Marcelo Rebelo de Sousa avisou que o dia de sexta-feira é o que mais preocupa porque vai haver uma “convergência de condições” meteorológicas e físicas que são favoráveis ao agravamento dos fogos florestais.
“Chamo a atenção dos portugueses que temos ainda esta semana pela frente, certamente, um dia muto complicado”, realçou, acrescentando que a situação está a ser acompanhada por todos, Presidência e Governo, já que o desafio “é de ajustamento permanente e vai continuar nas próximas semanas”.
O Governo está a analisar um possível prolongamento da situação de alerta, decretada até ao final do dia desta sexta-feira. Informação recolhida pela TSF confirma que o Ministério da Administração Interna está em contacto com as autoridades de Proteção Civil para tomar uma decisão.
Numa nota enviada às redações, o gabinete da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, adianta que a governante fará uma declaração esta quinta-feira, às 18h45, na sede Nacional da ANEPC, em Carnaxide, sobre a situação dos incêndios rurais no país.
Em entrevista à Renascença, Maria Lúcia Amaral afirmou que para sexta-feira existe o "risco de tempestades secas e o risco dos chamados ventos convexos", uma conjunção que de fatores que foi "decisiva e determinante" para gerar "fogo incontrolável" em 2017 (ano da tragédia de Pedrógão Grande).
Portugal continental está em situação de alerta devido ao risco de incêndio rural desde 2 de agosto e este ano já arderam 63.247 hectares de espaços florestais, metade dos quais nas últimas três semanas, e deflagraram 5963 incêndios, sendo a maioria nas regiões do Norte e Centro.
As estimativas divulgadas esta quinta-feira pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, que se baseia em imagens de satélite do programa Europeu Copernicus, dão também conta que Portugal é o terceiro país da União Europeia com mais área ardida este ano, depois de Espanha (148.205) e da Roménia (123.816).
A aérea ardida este ano é nove vezes mais do que em igual período do ano passado e a segunda maior desde 2017.
Os dados do ICNF avançam igualmente que nas últimas 24 horas arderam mais de 11mil hectares.
Uma das frentes de fogo ativas no concelho de Arganil mudou de direção nas últimas horas, devido ao vento errático, encaminhando-se para noroeste, na zona da aldeia de Mourísia, disse o presidente daquele município do distrito de Coimbra.
Ouvido pela agência Lusa, Luís Paulo Costa explicou que com a mudança e intensificação da direção do vento o fogo desceu da zona de um parque eólico em direção a sul e ao município da Pampilhosa da Serra, perto das povoações de Tojo, Fórnea e Casal Fundeiro, de onde foram retiradas algumas pessoas por precaução.
Já durante a madrugada e manhã de hoje, com nova rotação do vento, as chamas voltaram para a cumeada da encosta de onde tinham vindo, não para a zona já queimada, mas para uma área mais lateral, em direção a Mourísia.
Esta aldeia fica num dos vales encaixados da serra do Açor, paralelo àquele onde o incêndio lavrou com bastante intensidade na tarde de quarta-feira, quando avançou para norte em direção ao concelho de Oliveira do Hospital e, mais tarde, para sul, na direção da Pampilhosa da Serra.
“Os ventos, neste momento, estão a empurrar outra vez o fogo em sentido inverso, em sentido oposto (…) hoje está a ser empurrado aqui em direção ao nosso concelho e, particularmente, à cumeada que vira para a bacia de Mourísia”, explicou Luís Paulo Costa, considerando a situação como preocupante.
Durante a noite, vincou o autarca, existiu “um esforço e um trabalho muito grande dos bombeiros, nomeadamente na proteção às aldeias” e no sentido de tentar controlar as chamas, o que se afigurou difícil face às constantes mudanças da direção do vento.
Algumas pessoas retiradas de casa na povoação de Casal Fundeiro foram para uma coletividade da aldeia vizinha do Tojo, dado não terem aceitado ir para mais longe, nomeadamente para Cerdeira ou Coja, onde o município de Arganil possui duas áreas de apoio e acolhimento da população afetada pelos incêndios.
Também na aldeia de Mourísia, por precaução, seis pessoas foram retiradas das suas casas, indicou.
Dados consultados pela Lusa no sistema europeu de informação de fogos florestais Copernicus estimam a área ardida no incêndio que eclodiu na quarta-feira na freguesia do Piódão em 5032 hectares, embora Luís Paulo Costa tenha observado que esse valor se refere ao final da tarde de quarta-feira “e já terá sido ultrapassado”, disse.
As chamas com origem em Arganil estenderam-se, depois, aos municípios de Oliveira do Hospital e Pampilhosa da Serra, também no distrito de Coimbra e de Seia, este já no distrito da Guarda.
Em Sátão, distrito de Viseu, quase 450 bombeiros e quatro aeronaves combatem as chamas, que, para já, não põem casas em risco. À TSF, o comandante regional da Proteção Civil do Centro, Jody Fernandes Rato revela que os acessos difíceis são a principal dificuldade. Por esta altura, há duas frentes ativas.
"Uma delas é no município de Sernancelhe, com 200 metros, e uma outra frente de um quilómetro e meio, que abrange os concelhos de Sátão e Aguiar da Beira. As principais dificuldades são as acessibilidades, o combate é muito difícil, tem de existir sempre conjugação do combate entre aeronaves e meios terrestres, mas a colocação de meios terrestres torna-se mesmo muito difícil", explica à TSF Jody Fernandes Rato.
O incêndio rural que começou no sábado em Freches, no concelho de Trancoso, não tem hoje de manhã qualquer frente ativa no concelho, existindo apenas “pontos quentes com possibilidade de reativação”, disse o presidente da Câmara.
“Segundo o comando operacional, pelas 10:00, 80% do fogo estava dado como extinto e havia 20% de área em fase de resolução e consolidação, com pontos quentes que motivavam alguma cautela e preocupação por haver possibilidade de reativação”, adiantou Amílcar Salvador à agência Lusa, referindo-se ao território do município a que preside, no distrito da Guarda.
Segundo o autarca, “já não há frentes ativas” no concelho, apenas operacionais em operações de vigilância e rescaldo.
No terreno permanecem 466 operacionais, apoiados por 146 viaturas e quatro meios aéreos, sendo que a principal preocupação reside agora no concelho vizinho de Aguiar da Beira, também no distrito da Guarda, até onde as chamas se estenderam.
Em Trancoso viveram-se “cinco dias muito difíceis” devido ao fogo, que atingiu 11 das 21 freguesias e tinha consumido cerca de 14.000 hectares até quarta-feira, segundo estimativas divulgadas pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).
A autarquia já está no terreno a contactar criadores de gado, pastores e apicultores, bem como produtores florestais e empresários, para apurar os prejuízos deixados pelas chamas.
“A nossa prioridade, de momento, são os criadores de gado, que vão começar a receber farinhas, rações e feno para alimentar os seus animais. Aos apicultores afetados vamos distribuir um alimento específico para as abelhas que sobreviveram”, declarou Amílcar Salvador.
O presidente da Câmara de Trancoso realçou que será feito um pedido de ajuda formal ao Governo e que já foi solicitada uma reunião com o secretário de Estado das Florestas para o efeito.
“É inevitável que o Estado apoie os nossos agricultores, nomeadamente os produtores de castanha, que é um setor muito importante para o concelho em termos económicos”, lembrou.
O fogo também teve um impacto negativo na 752.ª edição da Feira de São Bartolomeu, que está a decorrer em Trancoso desde o dia 08 de agosto e foi suspensa no domingo e na segunda-feira, tendo sido retomada na terça-feira.
“Tivemos menos 30% de entradas do que seria normal, o que é compreensível face às circunstâncias que vivemos por estes dias. Não havia espírito para festa, mas a feira continua”, assegurou Amílcar Salvador.
A organização, a cargo do município e da Associação Empresarial do Nordeste da Beira (AENEBEIRA), está a ponderar organizar um concerto solidário “a favor dos agricultores e dos bombeiros” e prolongar o certame até à próxima segunda-feira.
“O rapper Dillaz, que devia ter atuado na segunda-feira [11 de agosto], manifestou disponibilidade para regressar a Trancoso no próximo dia 18. É uma possibilidade que está em cima da mesa, mas temos que auscultar os expositores”, revelou o autarca.
O EFFIS, que se baseia em imagens de satélite do programa europeu Copernicus, precisa que a área ardida do incêndio que começou em Trancoso e alastrou para os concelhos de Fornos de Algodres, Aguiar da Beira e Celorico da Beira totalizava na quarta-feira 13.741 hectares.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) dá conta de que desde 01 de janeiro arderam em Portugal 63.247 hectares, metade dos quais nas últimas três semanas.
A área ardida este ano é nove vezes maior do que no mesmo período do ano passado e a segunda maior desde 2017.
Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio rural desde 02 de agosto e até ao final do dia de sexta-feira.
O presidente da Câmara de Aguiar da Beira, Virgílio Cunha, disse hoje que se vivem duas situações “muito críticas” em Gradiz e Granjal, antevendo uma tarde “muito difícil” devido às condições climatéricas e à propagação do fogo.
“Neste momento, temos duas situações muito críticas em Gradiz [Aguiar da Beira] e em Granjal [Sernancelhe]. A situação é muito complicada. Já pedimos reforços e mais meios aéreos”, afirmou Virgílio Cunha à agência Lusa.
O autarca, que pelas 13:20 estava no terreno, explicou que a situação é “muito crítica” e que os meios aéreos fizeram “uma ou duas descargas intermitentes”.
“Se não houver uma continuidade [de descargas pelos meios aéreos] a situação torna-se mais complicada”, anteviu.
Para já, Virgílio Cunha não quis adiantar pormenores sobre a área já ardida no concelho devido ao incêndio que começou no sábado em Trancoso e se alastrou depois ao concelho de Aguiar da Beira, também no distrito da Guarda, ou se houve casas de primeira habitação afetadas pelo fogo.
“Não posso avançar com esses dados ou com dados sobre os prejuízos ocorridos. Estamos neste momento focados no combate às chamas e a tentar circunscrever o incêndio”, realçou.
O presidente da Câmara de Aguiar da Beira salientou ainda que, a avaliar pelas condições climatéricas que se fazem sentir no terreno e pela propagação do fogo, “prevê-se uma tarde muito difícil”.
Além deste incêndio que começou no município de Trancoso, o concelho de Aguiar da Beira está também a ser afetado pelo fogo que chegou através de Sátão (Viseu), que deflagrou na madrugada de quarta-feira.
O EFFIS, que se baseia em imagens de satélite do programa europeu Copernicus, precisa que a área ardida do incêndio que começou em Trancoso e alastrou para os concelhos de Fornos de Algodres, Aguiar da Beira e Celorico da Beira totalizava na quarta-feira 13.741 hectares.
O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) também já revelou que, desde 01 de janeiro, arderam em Portugal continental 63.247 hectares, metade dos quais nas últimas três semanas.
A área ardida este ano é nove vezes maior do que no mesmo período do ano passado e a segunda maior desde 2017.
Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio rural desde 02 de agosto e até ao final do dia de sexta-feira.
Cerca de 213 bombeiros ficaram feridos este ano em serviço, 112 dos quais nos incêndios rurais das últimas três semanas, segundo um balanço feito hoje pela Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP).
A LBP avança que até 13 de agosto 231 bombeiros ficaram feridos em serviço. Neste periodo, a Liga registou a morte de um bombeiro dos voluntários de Odemira que foi vítima de um acidente com um autotanque em janeiro quando regressava de um incêndio.
O presidente da LBP, António Nunes, disse à Lusa que cerca de metade dos bombeiros, 112, ficaram feridos desde 27 de julho, quando começou a registar-se maior número de fogos.
De acordo com António Nunes, a maioria dos bombeiros feridos das últimas três semana está diretamente relacionado com o combate às chamas, existindo ainda casos de ferimentos devido a acidentes com carros de bombeiros.
Entre os ferimentos, quase todos ligeiros, estão escaldões, entorses, inalação de fumo e situações de exaustão.
“O balanço dos casos, acompanhados pelo Fundo de Proteção Social do Bombeiro (FPSB), suscita a natural preocupação por parte da Liga dos Bombeiros Portugueses”, refere ainda a LBP.
A Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem de 88 anos, suspeito de ter ateado dois incêndios florestais em dias distintos do mês de junho em Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro, informou hoje aquele órgão de polícia criminal.
Em comunicado, a PJ esclareceu que o suspeito, que foi detido com a colaboração da GNR, está indiciado pela autoria de dois crimes de incêndio florestal, ocorridos nos dias 05 e 12 de junho, na localidade de Ossela, Oliveira de Azeméis.
"O suspeito terá provocado o incêndio com recurso a chama direta e papéis para potenciar o desenvolvimento das chamas, criando perigo para a mancha florestal, bem como para vários edificados, essencialmente residências instaladas na orla desta", refere a mesma nota.
A Judiciária refere ainda que o detido residente na área, sem antecedentes pela prática desta tipologia criminal, vai ser presente perante a autoridade judiciária competente, para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas.
O incêndio florestal que lavra em Arganil estendeu-se, na manhã de hoje, ao concelho vizinho da Pampilhosa da Serra, no sul do distrito de Coimbra, com duas frentes ativas, disse o presidente deste último município.
Em declarações à agência Lusa pelas 12:00, Jorge Custódio explicou que uma das situações mais preocupantes ocorre na zona nordeste do concelho, tendo as chamas evoluído de Malhada Chã (Arganil) em direção à aldeia de Covanca (Pampilhosa da Serra), mas ainda sem colocar diretamente esta povoação em perigo.
“Há aqui uma frente de fogo, que está mais ativa, que é a que vem da Malhada Chã para a Covanca, a Covanca está a ver o fogo de frente. E depois temos outra frente que está a descer do parque eólico, em direção ao Porto da Balsa, Camba e Castanheira da Serra”, disse o autarca.
Jorge Custódio notou que as frentes provenientes do município de Arganil têm uma extensão muito grande e que as quatro citadas aldeias da Pampilhosa da Serra, embora não estando diretamente em perigo, estão na linha do fogo “e a oferecer alguma preocupação”.
Ilustrou, ainda em relação a Covanca, que se trata de uma povoação com 60 a 70 moradores durante o ano, mas cuja população, no verão, atinge as cerca de 400 pessoas, cerca de seis vezes mais.
Embora nesta fase não estejam a ser retiradas pessoas das quatro aldeias referidas, “porque não há essa necessidade”, Jorge Custódio lembrou que, no verão, são povoações que estão “apinhadas de gente”, nomeadamente antigos residentes deslocados no país e estrangeiro e pessoas com casas de férias.
“Temos aqui públicos diferentes. Os residentes que estão mais habituados a estas lides [dos incêndios] e outros públicos, mais veraneantes, mais da cidade, que não estão tão habituados e estão a sofrer com alguma ansiedade”, constatou.
Ainda segundo o autarca, a única localidade totalmente evacuada, localizada mais a sul, foi a aldeia de Ceiroco: “não porque estivesse a oferecer perigo, até porque está ainda mais distante do fogo, mas porque tem um único acesso rodoviário. O comando [do incêndio] e bem, teve a intenção de prevenir, porque a velocidade do vento pode mudar rapidamente”, referiu Jorge Custódio.
A empresa que opera em Portugal os Canadair de combate a incêndios florestais já substituiu os dois aviões pesados que estavam avariados com a chegada da segunda aeronave esta quinta-feira, avançou à Lusa aquela entidade.
O incêndio em Oliveira do Hospital coloca quatro aldeias em risco. À TSF, o comandante dos bombeiros de Oliveira do Hospital, Emídio Camacho, adianta que se trata as localidades de Avelar, Alvoco das Várzeas, Quinta da Tapada e Parente, alertando que as pessoas podem ter de sair das suas casas.
As principais dificuldades no combate a este fogo são o "terreno sinuoso, sem estarem limpos".
Para já, não há registo de danos materiais, mas algumas pessoas já foram assistidas no local, sobretudo, pelo excesso de calor, exaustão e inalação de fumo.
Os incêndios florestais consumiram até esta quinta-feira cerca de 75 mil hectares, mais de metade ardeu nas últimas três semanas, segundo dados provisórios do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
As estimativas divulgadas esta quinta-feira pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que se baseia em imagens de satélite do programa Europeu Copernicus, dão também conta que Portugal é o terceiro país da União Europeia com mais área ardida este ano, depois de Espanha (148.205) e da Roménia (123.816).
A aérea ardida este ano é nove vezes mais do que em igual período do ano passado e a segunda maior desde 2017.
Os dados do ICNF avançam igualmente que nas últimas 24 horas arderam mais de 11mil hectares.
O ICNF indica que desde o início do ano e até esta quinta-feira deflagraram 5998 incêndios que provocaram 74.931 hectares de área ardida, 50% dos quais em matos, 40% em floresta e 10% em terrenos agrícolas.
Em relação ao mesmo período do ano passado, o número de incêndios aumentou 72%.
Portugal está em situação de alerta devido ao risco de incêndio desde 2 de agosto.
Dois homens foram apanhados em flagrante a atear um incêndio com um isqueiro na localidade de Quirás, concelho de Vinhais, adiantou esta quinta-feira a GNR.
Em comunicado, o Comando Territorial de Bragança indica que os dois suspeitos, de 42 e 61 anos, foram surpreendidos por militares enquanto ateavam um fogo "com chama direta", na quarta-feira, numa zona onde se encontrava uma equipa da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro.
"De imediato, foram efetuadas diligências policiais que culminaram na detenção dos dois suspeitos e na apreensão de um isqueiro", lê-se no comunicado.
O incêndio deflagrou na quarta-feira e chegou a ter 95 operacionais, apoiados por mais 30 viaturas e um meio aéreo. Teve três frentes ativas e consumiu mato.
Os homens vão ser presentes esta quinta-feira a primeiro interrogatório no Tribunal Judicial de Bragança para aplicação das medidas de coação.
A líder parlamentar do Livre, Isabel Mendes Lopes, revela que o partido questionou o Governo sobre os "atrasos" na limpeza das florestas, uma situação que considera "preocupante".
Em causa está uma notícia avançada pelo jornal Público, que dá conta de que o Plano Nacional de Ação para proteger o país dos incêndios rurais foi cumprido em apenas 40%. Entre 2020 e 2024, estava previsto que fosse limpo um milhão de hectares de floresta. Contudo, as operações visaram, até ao final deste prazo, apenas 400 mil hectares, menos de metade do inicialmente esperado.
Mais de dois mil bombeiros estão no terreno a combater as chamas de cinco grandes incêndios. Quatro deles estão ativos há dias, o quinto, em Vila Real, está de novo em resolução, mas continua com um dispositivo no terreno de duas centenas de operacionais.
De acordo com a Proteção Civil, o maior fogo é o de Arganil, que começou perto da aldeia histórica de Piódão. Quase 817 bombeiros combatem as chamas apoiados por 277 viaturas.
Segue-se o fogo de Trancoso com mais de 460 homens. Não há, nesta altura, casas em perigo. O comandante sub-regional da Proteção Civil do Alto Alentejo, Rui Conchinha, diz que os trabalhos estão a evoluir favoravelmente.
"Temos dois setores em resolução e um terceiro que tem ainda 40% do seu perímetro ativo. Os meios no terreno estão a conseguir suprimir uma frente mais ativa que foi ficando por fechar. Temos tido várias reativações normais do período de incêndio devido a pontos ainda quentes, que não foi possível consolidar na sua totalidade. As dificuldades são as inerentes a este tipo de terreno, com uma orografia, em algumas das suas áreas, bastante complicada e de difícil acesso", explica à TSF Rui Conchinha.
O comandante sub-regional da Proteção Civil do Alto Alentejo estima que a área ardida ronde entre 13 a 14 mil hectares. No mapa dos fogos, em atividade, está ainda o incêndio de Sátão, em Viseu, com 419 operacionais, e Tabuaço, com 234. Também em Cinfães está ativo um fogo que está a ser combatido por 90 bombeiros.
As chamas em Arganil obrigaram já esta manhã à retirada dos residentes das aldeias de Mourísia e Casal Fundeiro. O povoamento de Sobral Gordo também está em risco. À TSF, o autarca de Arganil, Luís Paulo Costa, afirma que o incêndio continua com várias frentes ativas e as chamas lavram perto das aldeias que se situam entre o concelho de Arganil e o de Pampilhosa da Serra.
"Uma das frentes está muito próxima das aldeias, inspira alguma preocupação e motivou inclusivamente já a retirada de pessoas. São aldeias que não têm muita gente, mas, ainda assim, terão sido retiradas uma dúzia de pessoas", adianta, sublinhando que "a segurança das aldeias não tem sido assunto crítico, mas é uma situação de prevenção".
O autarca acrescenta que há dificuldades no acesso aos terrenos, sendo que as próximas horas dependem das condições climatéricas.
O fogo que deflagrou no domingo em Tabuaço, distrito de Viseu, entrou hoje em fase de resolução, indicou a Proteção Civil.
O fogo foi dado como dominado às 06h00, declarou à Lusa fonte do Comando Sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Douro, notando que se "mantêm trabalhos de consolidação e rescaldo em ambos os setores".
No terreno, encontravam-se por volta das 07h30 desta quinta-feira 234 operacionais, auxiliados por 78 meios terrestres, de acordo com a página da Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera estendeu até domingo o aviso laranja, o segundo mais grave, nos distritos de Castelo Branco, Guarda e Bragança por causa do calor.
Segundo o IPMA, o aviso laranja vai estar ativo nestes três distritos até às 00h00 de domingo, enquanto em Viseu e Vila Real vai vigorar até às 18h00 de sexta-feira, devido à “persistência de valores muito elevados da temperatura máxima”, baixando depois para amarelo, o menos grave de uma escala de três.
Além disso, o aviso laranja está igualmente ativo até às 18h00 desta quinta-feira nos distritos de Évora, Setúbal, Santarém, Beja e Portalegre, baixando depois para amarelo pelo menos até domingo.
Também sob aviso amarelo por causa do calor estão até às 18h00 desta quinta-feira os distritos do Porto, Viana do Castelo, Lisboa, Aveiro, Coimbra e Braga, enquanto em Coimbra e Leiria se prolonga até às 18h00 de sexta-feira e em Faro até às 18h00 de domingo.
