"Ninguém queria saber da Afurada, a terra do balde. Agora todos querem vir cá"
No Lavadouro da Afurada, em Gaia, ainda há quem lave roupa à mão. Dizem que fica mais limpa. O espaço é hoje atração turística e as lavadeiras já se habituaram aos flashes.
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Já passa das 15h. No Lavadouro da Afurada vão-se juntando mulheres para lavar a roupa. A maioria, varinas. Desde manhã cedo, andam nas ruas do Porto e de Gaia a vender peixe, de canastra à cabeça.
Depois do almoço, passam pelos tanques para lavar os panos do trabalho e os aventais, e aproveitam para esfregar uma ou outra peça de roupa. Muitas têm máquina de lavar, mas preferem o lavadouro. Fica mais limpa, dizem, mais cheirosa. Usam sabão de barra, rosa ou azul e branco, sabão Clarim, lixívia quando é preciso e, no fim, o amaciador, um cheirinho.
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Maria de Fátima, Maria José, Albertina, Maria Elisa e Maria Aurora vieram hoje. Como todos os dias. Enquanto esfregam a roupa, falam da vida na Afurada, terra de pescadores e varinas. Os tempos são melhores agora, mas a vida ainda é dura.
Os turistas vão aparecendo. As lavadeiras já nem ligam, estão habituadas. "Eles acham graça. Na terra deles não há disto", explicam, "até vão experimentar a água para ver se está fria". O Lavadouro já não é só das lavadeiras e a Afurada ganhou uma outra projeção. "Antigamente ninguém queria saber da Afurada; era a terra do balde! Hoje toda a gente quer vir cá".