Miguel Xavier explica a alta taxa de prescrição de antidepressivos com a falta de equipas médicas que possam dar respostas a nível local.
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O coordenador do Plano Nacional para a Saúde Mental tem esperança de que o Orçamento do Estado do próximo ano permita a existência de mais instrumentos e formas de combate aos problemas psiquiátricos em Portugal.
Um estudo divulgado pelo Conselho Nacional de Saúde mostra que ainda há falta de especialistas na área, que o tempo de espera para consultas é elevado e que há um aumento do consumo de antidepressivos. Em declarações à TSF, Miguel Xavier alega que nem é preciso muito dinheiro para resolver a situação.
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"São ninharias", garante. Por isso, explica, alimenta a esperança de que haja espaço para as incluir neste exercício orçamental, algo que não tem acontecido. "Uma vez que o nosso trabalho técnico está concluído, e sendo uma questão de orçamentação, espero que se possa - melhor ou pior, com os constrangimentos que o país tem - andar para a frente."
Entre as prioridades, Miguel Xavier identifica a criação de equipas de saúde mental "para que estejam o mais perto possível das pessoas", que já estão orçamentadas e aguarda aprovação da tutela e também a resolução da situação de pessoas que se dirigem aos centros de saúde e que, não encontrando respostas, "são medicadas".
"É por isso que Portugal tem uma taxa de medicação com antidepressivos tão alta. Se houve possibilidade de intervenção não-farmacológica nos centros de saúde, não era preciso recorrer tanto à medicação", nota o coordenador do plano nacional.
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A doença mental já é, garante Miguel Xavier, reconhecida pela sociedade civil e pelos media, pelo que falta agora que a dimensão política siga o mesmo caminho e lhe dê prioridade.
"A saúde mental está sempre mais atrasada em relação a outras áreas da medicina, à oncologia, à cardiologia... É um gap pelo qual temos de nos esforçar", nota. Por isso, o relatório apresentado vem, no entender de Miguel Xavier, reforça que "os diagnósticos estão feitos, as recomendações são iguais e preciso por mãos à obra".
Pelo trabalho e contra o estigma, o coordenador pede um debate que cause "sobressalto cívico" para que Portugal possa chegar aos "5 a 6%" para a saúde mental que se vê noutros países.