
Rute Fonseca/TSF
Em Ovar, cidade-museu vivo do azulejo, há um atelier municipal que recupera, de forma gratuita, as fachadas dos edifícios. No ACRA restauram os que estão degradados e reproduzem os azulejos em falta.
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No chão e nas prateleiras do ACRA - Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo, os azulejos das fachadas em recuperação ou o que resta delas, estão arrumados em caixotes de plástico, cada caixa é uma obra. Os azulejos estão todos numerados, caso contrário não encontravam o lugar certo na parede e denunciavam a obra de restauro.
Gilberto Godinho é um das responsáveis do Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo de Ovar e explica que todos os pormenores são importantes. "Estudamos o azulejo original, testamos vidrados, a cor e as imperfeições também são reproduzidas".
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Com cerca de 800 fachadas identificadas, a maior parte no centro histórico, Ovar quer afirmar-se como cidade-museu vivo do azulejo. O ACRA - Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo apoia, de forma gratuita os proprietários, na maioria sem meios financeiros para recuperar os edifícios degradados, como explica Isabel Ferreira. "Temos aqui um serviço que apoia nas obras, no restauro, demolições. Também pomos a "mão na massa" e restauramos azulejos".
O ACRA conta com o apoio de várias universidades para o trabalho de investigação e recuperação. "Investigamos quem foram os proprietários, as fábricas, quais as técnicas usadas, tipos de pintura, defeitos, etc.
Na parede da oficina um painel colorido, com 24 azulejos, que fizeram parte de algumas das obras de recuperação do ACRA. No chão azulejos em tons pastel e castanho, numerados, tentam reproduzir a imagem do edifício afixado num painel de cortiça. Mas o olhar fixa-se num painel de Júlio Dinis, de 1940.
O Atelier de Conservação e Restauro do Azulejo demora em média um mês a recuperar a fachada de um edifício, já recuperaram 250 fachadas e atualmente têm lista de espera. O ACRA tem um espaço educativo, onde os mais novos podem, por exemplo, pintar ou brincar com azulejos. Os turistas também são convidados a pegar nos pincéis.