Na RTP, Freitas do Amaral, que esteve no primeiro Governo de Sócrates, afirmou que o líder do PS não conta o seu voto. O antigo ministro referiu ainda que no lugar de Teixeira dos Santos já se teria demitido.
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«Além de ser um professor universitário de Economia e Finanças, [Teixeira dos Santos] foi durante vários anos um excelente ministro das Finanças», começou por dizer o antigo chefe da diplomacia portuguesa em entrevista à RTP esta segunda-feira à noite.
Freitas do Amaral recordou que o ministro das Finanças disse em Outubro «uma coisa muito acertada», ou seja, que no dia em que os juros da dívida portuguesa chegassem aos sete por cento seria inevitável recorrer à ajuda externa, algo que não veio a acontecer.
«Tenho de concluir que foi o primeiro-ministro que não deixou» que Teixeira dos Santos se demitisse, porque de repente José Sócrates «começou a viver num mundo irreal» e o ministro das Finanças «submeteu-se», disse, defendendo que o governante devia ter apresentado a sua demissão em oposição ao chefe do Executivo.
Para o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, o Governo fez um diagnóstico da crise «errado» e resolveu a situação com uma «terapeuta errada».
«O doente tinha uma pneumonia e precisava de antibióticos e a análise que o Governo fez foi que o doente tinha uma gripe e só precisava de aspirinas. Foi dando umas aspirinas de três em três meses, mas não serviu para nada», disse.
Freitas do Amaral considerou ainda que os partidos estão alheados do que é prioritário e andam a entreter os portugueses com o que menos interessa, como por exemplo o nome dos cabeças de lista para as eleições legislativas antecipadas de 5 de Junho.
«Estão a portar-se de uma forma demasiado leve», quando deviam «estar a discutir a melhor forma de negociar» a ajuda externa, comentou, acrescentando que os partidos já deviam ter apresentado os seus programas, sobretudo os que estão há seis anos na oposição.
«Têm uma ideia errada de que os programas eleitorais devem ser teses de doutoramento», quando «numa altura destas» podem ser «15 ou 20 medidas que se escrevem numa noite», referiu.
Na entrevista, deixou também um conselho ao Presidente da República. Para que não haja surpresas ou retrocessos de última hora, Cavaco Silva deve seguir de perto a negociação em curso, defendeu.