Nobel da Medicina traz "perspetivas reais" de novos tratamentos para doenças incuráveis
À TSF, o líder da Sociedade Portuguesa de Imunologia destaca que o trabalho dos investigadores "constrói sobre descobertas anteriores de imunoterapia do cancro", enquanto que Luís Graça aponta a importância das células T reguladoras
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As descobertas dos norte-americanos Mary E. Brunkow, Fred Ramsdell e do japonês Shimon Sakaguchi relacionadas com a tolerância imunológica periférica valeram-lhes o Prémio Nobel da Medicina este ano. À TSF, os imunologistas Bruno Silva-Santos e Luís Graça explicam o que está em causa.
O presidente da Sociedade Portuguesa de Imunologia, Bruno Silva-Santos, começa por frisar que o último prémio da fisiologia entregue à imunologia ocorreu há sete anos. A atribuição desta segunda-feira, argumenta, "constrói sobre essas descobertas anteriores de imunoterapia do cancro e mostra ainda mais possibilidades", nomeadamente no que diz respeito à utilização desta ferramenta para tratar tumores malignos.
"Neste caso específico, com grandes implicações até mais diretas para as doenças autoimunes, que podem atacar todos os órgãos do nosso organismo e são estas células que são capazes de regular a resposta", explica.
Bruno Silva-Santos aponta mesmo que as descobertas destes três investigadores vão permitir criar "novos tratamentos para doenças que neste momento são incuráveis".
"Por isso, é um Prémio Nobel que nos deixa, enquanto comunidade, muito felizes pelo reconhecimento que significa e pelas perspetivas reais que há de melhorar a saúde destes doentes", sustenta.
Já o imunologista Luís Graça elogia particularmente o trabalho "pioneiro" de Shimon Sakaguchi com as células T-reguladoras. Congratula-se, por isso, com a distinção do investigador, com quem tem "alguns artigos em comum".
"As células T reguladoras são fundamentais para regular a forma como o sistema imunitário nos protege contra vírus e bactérias. Mas, ao mesmo tempo, não atacam as células do nosso próprio corpo, evitando a causar inflamação, autoimunidade ou alergias", explica.
Os investigadores vão receber formalmente o prémio, oficialmente conhecido como Prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina, durante uma cerimónia a realizar-se no dia 10 de dezembro.
Este é o primeiro dos Nobel a ser anunciado, seguindo-se nos próximos dias os galardões relativos à Física, Química, Literatura, Ciências Económicas e da Paz.
Os prémios Nobel, criados em 1895 pelo químico, engenheiro e industrial sueco Alfred Nobel (inventor da dinamite), foram atribuídos pela primeira vez em 1901.
