O novo presidente do Conselho de Administração (CA) da RTP, Gonçalo Reis, garantiu hoje no parlamento que não tem intenção de avançar com um despedimento coletivo na empresa.
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Questionado pelos deputados sobre um cenário de despedimento coletivo, Gonçalo Reis foi perentório: «Sou muito franco, já tive em processos de redução de pessoas, nunca vi na RTP processos de despedimento coletivo, não sei como se fazem, nem tenho vontade nenhuma de aprender». E acrescentou: «Não é nossa intenção proceder» a um despedimento coletivo na empresa.
A nova administração da RTP, composta por Gonçalo Reis (presidente), Nuno Artur Silva (vogal) e Cristina Vaz Tomé (vogal com pelouro financeiro), está a ser ouvida na comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, depois da audição do presidente do Conselho Geral Independente, António Feijó.
Gonçalo Reis afirmou, contudo, que a equipa que lidera vai «ter de encontrar maneiras de dotar a RTP dos recursos adequados», referindo que «há algumas [áreas] que podem estar sobredimensionadas e outras subdimensionadas». «Às vezes é preciso deixar sair alguma quantidade para que entre e se reforce a qualidade» de pessoas, acrescentou, apontando que a RTP «está fragilizada em algumas áreas».
Sobre as áreas que considera mais fragilizadas, Gonçalo Reis referiu «conteúdos e produção», nas quais «houve gente com muita qualidade que saiu» e «isso tem de ser tratado».
Também nas áreas das novas plataformas poderá ser necessário «alimentar com sangue novo», mas isso é algo que a nova administração ainda vai analisar, já que está em processo de «passagem de pasta» com o CA cessante. «Não vamos usar o fantasma dos despedimentos coletivos, queremos retirar o espetro do despedimento coletivo a bem da organização, por aí não vamos», reiterou Gonçalo Reis.
«Somos gestores da empresa, temos de estar atentos ao tema da qualidade. Podem sair dez pessoas, por hipótese, e causar pouco impacto e depois saem duas pessoas e causam muito impacto», exemplificou.
O novo presidente disse ainda que este é um tema que tem de ser gerido com cuidado e lembrou que, se houver a oportunidade de reduzir alguns custos, a administração irá estudá-los. «Queremos abandonar a tendência de reduzir na grelha e nos conteúdos», porque isso afeta o «caráter e identidade» da empresa.
Gonçalo Reis disse que, em termos de custos de pessoal, o que faz sentido é «ter uma tónica de redução de serviços de menor valor acrescentado» e com menor impacto «nos serviços de qualificação».
Em relação aos serviços subcontratados ('outsourcing'), Gonçalo Reis disse não ter «muita simpatia» com esta solução em «funções estratégicas da empresa». O 'outsourcing' «custa-me menos para serviços administrativos, de baixo valor acrescentado», se isso permitir ganhar economias, acrescentou.