A ADSE apanhou os beneficiários de surpresa com os novos valores, que ficam bem acima dos cinco por cento, aprovados pelo Conselho Geral e de Supervisão.
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Muitos exames e consultas da nova tabela da ADSE aumentaram mais do que o previsto. De acordo com o jornal Público, há exames que vão custar mais do dobro do que acontecia até agora. É o caso das ecografias mamárias, que sobem 134,5%, ou das radiografias, que aumentam 125%. A tabela de preços atualizada entrou em vigor na quarta-feira, mas os beneficiários foram apanhados de surpresa com os novos valores, que ficam bem acima dos cinco por cento, aprovados pelo Conselho Geral e de Supervisão da ADSE.
O jornal Público revela, esta quinta-feira, que os preços de alguns exames radiológicos mais do que duplicam: as ecografias mamárias passam de 14,5 euros para 34 euros e uma radiografia cervical, que antes ficava por seis euros, vai custar mais do dobro: 13,60 euros, uma subida de 125%. As mamografias passam a custar 40 euros, um aumento de 48%.
O conselho diretivo da ADSE explica que estas atualizações, bem acima dos cinco por cento, são as mais prementes e acontecem nas tabelas de análise clínicas, parcialmente na radiologia, anatomia patológica e oncologia. Por exemplo, a consulta multidisciplinar de oncologia sobe de 92 para 150 euros.
Nas consultas, há mais sete especialidades com aumentos acima da média: é o caso de psiquiatria, psiquiatria infantil, reumatologia, obstetrícia, ginecologia, pediatria e dermatovenereologia.
Em declarações à TSF, José Abraão, da Federação dos Sindicatos da Administração Pública, mostra-se surpreendido com estes valores.
"Definitivamente não conhecia estes preços e depois de tanto se ter falado nesta matéria acho que era devido um outro tipo de esclarecimento aos beneficiários da ADSE", considera José Abraão, sublinhando a necessidade de uma "maior clareza na gestão desse processo".
"Não se pode nunca ficar satisfeito quando se fala num aumento de cinco por cento e depois há preços que aumentam 20, 30, 40, 50, 60 por cento, sem que os beneficiários tenham sido ouvidos de forma clara quanto a estes aumentos", afirma.
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José Abraão refere ainda que, no próximo dia 6, a Federação dos Sindicatos da Administração Pública vai avaliar o parecer da ADSE. "Gostava de compreender a razão de ser de alterações tão significativas e tão elevadas para o lado dos prestadores. Bem sei que temos todos que fazer um esforço, mas a nossa preocupação é tentar perceber a razão de ser dessas alterações e nas áreas em que se verificaram", acrescenta.
A atualização da tabela da ADSE já estava prevista e é justificada pelo aumento da inflação e a pressão dos prestadores de saúde do setor privado, mas os beneficiários não foram avisados dos novos valores.
O Público acrescenta que o Conselho Geral e de Supervisão também não emitiu um parecer prévio, porque estava em gestão corrente, à espera da eleição de novos dirigentes.
À TSF, Helena Rodrigues, recém eleita presidente do Conselho Geral e de Supervisão da ADSE, explica a razão pela qual não foi emitido parecer.
"Não tínhamos capacidade de nos pronunciar antes de entrarem em vigor. Entendíamos que a proposta de parecer foi de que deveria entrar em vigor, também como tinha sugerido o anterior Conselho Geral e de Supervisão. Os senhores conselheiros entenderam, entretanto, que vamos ter uma nova reunião na próxima segunda-feira, para eventualmente votar o elemento do Conselho dos Representantes dos beneficiários que integrará o órgão de gestão, e, nessa sequência, faremos de novo uma análise, que pode eventualmente resultar na emissão de um parecer, que nunca é vinculativo", afirma.
A ADSE tem cerca de 1,3 milhões beneficiários, entre funcionários públicos e os seus familiares.