Novas formas de tabaco transmitem "falsa sensação de segurança": pneumologistas pedem regulação do consumo e publicidade
Em declarações à TSF, a médica Raquel Rosa sublinha que os cigarros eletrónicos e o tabaco aquecido "contêm milhares de substâncias tóxicas", por vezes em "concentrações até superiores à dos cigarros convencionais"
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A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) alerta para a "falsa sensação de segurança" das novas formas de tabaco e reforça o aviso sobre os malefícios dos cigarros eletrónicos e do tabaco aquecido, na semana em que se assinala o Dia Mundial Sem Tabaco.
A pneumologista Raquel Rosa adianta à TSF que há evidências científicas suficientes que comprovam que estas novas formas de tabaco são tão prejudiciais à saúde como os cigarros tradicionais.
"Os novos produtos contêm milhares de substâncias tóxicas — é verdade que, algumas, em menor concentração do que aquelas que são encontradas nos cigarros convencionais, mas muitas outras em concentrações até superiores à dos cigarros convencionais", explica.
Aponta ainda a evidência científica "vai contra aquela que é a publicidade da indústria do tabaco, que divulga uma menor percentagem de substâncias tóxicas nestes novos produtos que contêm nicotina". E ressalva que o tabaco aquecido e os cigarros eletrónicos não fazem parte do leque de tratamentos disponíveis para a cessação tabágica.
A médica Raquel Rosa sublinha igualmente que as novas formas de tabaco têm um efeito nocivo para a saúde, tanto a curto como a médio prazo. Desde logo, aumentam a "gravidade da asma ou o risco de asma" e têm também implicações no que diz respeito a doenças cárdio e cérebro-vasculares. Além disso, afetam também a imunidade, ao contribuírem para um maior risco de infeções, e aumentam o risco de cancro.
Os pneumologistas pedem, por isso, que sejam implementadas medidas de regulação do consumo e da publicidade, que deve ser "proibida", ao tabaco aquecido e aos cigarros eletrónicos. A restrição dos locais de venda e das zonas em que é permitido fumar, por exemplo, são normas importantes, mas o aumento do preço do tabaco, isoladamente, é "a mais eficaz para levar a uma diminuição do consumo".
"E temos de atuar na educação e sensibilização para aqueles que são os novos vícios para a saúde. No fundo, tem de haver um pacote de medidas", defende.
Em comunicado, a SPP lembra que, em Portugal e no mundo ocidental, apesar de a incidência do tabagismo continuar “em plano descendente”, tem aumentado o consumo ao nível das novas formas de tabaco e nicotina.
