O Governo anunciou uma verba de 2,3 milhões para a reconstrução das 74 casas que foram atingidas pelo incêndio de agosto do ano passado, 30 delas de primeira habitação. Até agora, nenhuma foi reconstruída.
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José António Franco percorre, divisão a divisão, a casa em ruínas. Mostra o que ficou após o incêndio. "Além estava um movelzinho e a televisão em cima, ali estava um sofá. Como ardeu assim ficou", conta à TSF.
Ficou tudo queimado dentro de casa e o telhado ruiu. Este homem de 58 anos vive só no sítio dos Pardieiros, freguesia de Alferce, no concelho de Monchique. No dia do incêndio a GNR obrigou-o a sair de casa. O fogo já vinha perto.
Passados nove meses, vive num anexo à casa, onde dantes permaneciam os animais. Não tem sequer casa de banho. "Fiquei sem nada, nem um lenço para limpar as lágrimas", lamenta.
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José Franco já tratou de toda a papelada que lhe pediram para que o processo de reconstrução da sua casa começasse a andar, mas até hoje nada avançou.
Nem o processo de José António, nem o de todas as outras pessoas que aguardam a reconstrução das casas.
Este homem, que pouco mais tem dos que alguns animais e uma pequena horta, desespera e aponta o dedo aos políticos que lhe fizeram promessas. Sente-se desamparado. "Da Câmara Municipal não me disseram nada. Quando eles querem ir para lá, andam aí de porta em porta a pedir o apoio à gente. Quando precisamos do apoio deles não aparecem."
"Lá", entende-se, é a cadeira do poder.
Este habitante do concelho de Monchique diariamente olha com mágoa para aquilo que foi a sua casa. Agora não passa de uma ruína sem telhado. "O telhado é o céu. É um dia de cada vez", afirma.