Líder do PSD defende que o Novo Banco "está doente" e pede que se descubra o que originou as perdas de mais de quatro mil milhões de euros.
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O presidente do PSD, Rui Rio, defendeu esta segunda-feira que é essencial conhecer o que aconteceu com o Novo Banco "a partir do momento em que foi vendido à Lone Star, em 2017", mas optou também por ser polémico - como o próprio admitiu - ao considerar que as auditorias são como as sondagens, que "valem o que valem".
"Mais informação sobre o BES não é mau, mas não é aquilo que é absolutamente premente. O que é premente é nós percebermos o que aconteceu com o Novo Banco, não em [20]14 ou em [20]15, que era BES, mas a partir do momento que o Novo Banco foi vendido à Lonestar, em 2017", afirmou em declarações aos jornalistas à margem da visita ao Centro Hospitalar de São João, no Porto.
A auditoria ao banco revelou, esta terça-feira, perdas superiores a quatro mil milhões de euros, algo que levou Rio a dizer que "o Novo Banco está doente e os contribuintes também ficam".
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Ainda assim, Rio foi mais longe nas críticas e, admitindo ser polémico, disse que "as auditorias são como as sondagens: valem o que valem".
"Há empresas de auditoria a fazer grandes auditorias - até a empresas cotadas na bolsa -, fizeram à banca durante anos e anos e de repente a banca estava praticamente toda falida apesar das auditorias", atirou.
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Rio insistiu que, mais do que auditorias, o Novo Banco deve ser alvo de uma investigação. O líder social-democrata defende que o Estado e os contribuintes têm pago uma fatura "que vai muito para lá do que o que seria justo" devido à venda do Novo Banco.
"O que é fundamental é que possa haver uma investigação a sério do Ministério Público para aferir em que condições é que essas perdas aconteceram", sublinhou, recordando que neste momento o caso do Banco Espírito Santo já está "pago e entregue à justiça".
Apesar de afirmar desconhecer o teor da auditoria, o líder social-democrata sublinhou que, quanto ao BES, todo conhecem "a desgraça" e a fatura que foi paga, mas o mesmo não é possível dizer sobre o Novo Banco.
Rio considerou necessário escrutinar as perdas de 2017, 2018 e 2019, este último ano não abrangido pela auditoria, por forma a aferir se o dinheiro que os contribuintes têm pago para o Novo Banco "está correto ou está absolutamente incorreto".
A auditoria externa ao BES e ao Novo Banco revelou esta terça-feira perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco e, segundo o Governo, o "relatório descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves" até 2014.
O relatório, elaborado pela empresa de auditoria Deloitte e entregue hoje ao Governo, analisou atos de gestão no Banco Espírito Santo e no Novo Banco, desde 01 de janeiro de 2000 até 31 de dezembro de 2018, e incidiu sobre "283 operações que integram o objeto da auditoria, abrangendo, portanto, quer o período de atividade do Banco Espírito Santo, quer o período de atividade do Novo Banco".
Este conjunto de operações originaram perdas de 4.042 milhões de euros para o Novo Banco entre 04 de agosto de 2014 (um dia após a resolução do BES) e 31 de dezembro de 2018.