Novo bastonário da Ordem dos Médicos promete "apresentar soluções" com "esperança" para a saúde
Defender os doentes, a qualidade da medicina e as condições de trabalho dos médicos, "modernizar" a Ordem dos Médicos com foco em "questões humanistas" e apostar na prevenção são as bandeiras de Carlos Cortes.
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Carlos Cortes toma esta quarta-feira posse como Bastonário da Ordem dos Médicos, sucedendo a Miguel Guimarães, que estava no cargo desde 2017. O médico Patologista Clínico venceu as eleições, à segunda volta, disputada contra Rui Nunes, professor catedrático da Faculdade de Medicina do Porto e ex-presidente da Entidade Reguladora da Saúde.
Num período de turbulência no setor da saúde, marcado pelas greves dos médicos e a reorganização das urgências, em declarações à TSF Carlos Cortes reconhece que não terá um caminho fácil pela frente, apesar das "expectativas de esperança de uma saúde melhor para os portugueses".
"Essa esperança vai exigir um desafio muito grande não só da parte da Ordem dos Médicos - da intervenção da Ordem dos Médicos na defesa dos doentes, na defesa da qualidade da medicina, na defesa dos médicos para terem condições de trabalho nos seus locais de trabalho, nos hospitais, nos centros de saúde - mas também tem que haver um enorme sentido de responsabilidade, de coragem e de vontade de mudança do ministério da Saúde, entre outros intervenientes na área da saúde, mas fundamentalmente no Ministério da Saúde, porque estamos perante uma situação de enorme degradação do setor público da saúde em Portugal, portanto, do Serviço Nacional de Saúde."
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A Ordem dos Médicos vai ter de "apresentar soluções", destaca Carlos Cortes. "O Ministério da Saúde, nestes últimos 10 anos pelo menos, não tem sido capaz de apresentar soluções adequadas para resolvermos os problemas que vemos piorar de dia para dia, de ano para ano, nomeadamente a questão da lista de espera das cirurgias, a questão das primeiras consultas, que são de difícil acesso para muitos doentes em determinadas áreas", e até "às situações consideradas urgentes e que devem ser encaminhadas para os hospitais".
Na linha orientadora que definiu para o seu mandato, Carlos Cortes destaca a modernização da Ordem dos Médicos. "Tem tudo a ver com a matriz humanista da Ordem dos Médicos, que é uma maior preocupação por questões, por exemplo, relacionadas com a violência sexual, a questão das alterações climáticas, que também têm um impacto muito grande sobre a saúde das pessoas, e questões também que tem a ver com a discriminação da pessoa.
"Não são aspetos diretamente relacionados com os hospitais ou com os centros de saúde, mas tem um impacto sobre a saúde das pessoas", nota o novo bastonário. "Temos que trabalhar muito na prevenção, na promoção da saúde, na literacia em saúde, para nos focarmos, sobretudo, em evitar a doença mais do que tratar a doença".
Carlos Cortes foi eleito bastonário dos médicos até 2025 com 61,94% dos votos, num total de 11.176 votos, na segunda volta das eleições.