"Novo Casal Ventoso" motiva carta aberta com "grande preocupação" de Campo de Ourique e Alcântara

Os presidentes das juntas de freguesia de Campo de Ourique e de Alcântara e algumas associações destas zonas manifestaram esta segunda-feira, numa carta aberta, "grande preocupação" com o aumento do consumo e tráfico de droga na zona do antigo Casal Ventoso e pedem medidas urgentes. 

A carta é dirigida ao presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas; ao ministro da Administração Interna, José Luis Carneiro; à PSP; ao presidente do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), João Goulão; à responsável do Instituto da Segurança Social, Ana Vasques e ao presidente da Agência para a Integração, Migrações e Asilo, Luís Goes Pinheiro, e é subscrita por vários organismos e organizações ligadas ao problema. 

Os presidentes das duas juntas – em Campo de Ourique, Pedro Costa e em Alcântara, Davide Amado – alertam para o aumento do número de pessoas a consumir substâncias psicoativas na zona do Vale de Alcântara, onde foram há perto de 20 anos realojados os habitantes do antigo Casal Ventoso. 

Em declarações à TSF, Pedro Costa aponta que esta carta não é fundamentada pelos problemas, porque esses "sempre existiram”, mas também que "sempre existiu uma vontade dos políticos, em particular da câmara municipal, de olhar para o problema, e hoje não temos isso”. 

Pedro Costa assinala que já teve “várias reuniões” com o MAI sobre o assunto, mas que com Carlos Moedas não teve “nenhuma” e revela até que "a senhora vereadora da Habitação, que já agora representa a câmara como senhoria daquelas pessoas que ali vivem, chegou duas horas atrasada à única visita que fez àquele território, visita que durou 20 minutos, metade dos quais metida dentro de um gabinete a beber café”. 

Perante estes episódios, o líder da freguesia de Campo de Ourique lamenta o que diz ser falta de vontade para resolver o problema e sublinha que a carta "é das instituições e de quem trabalha ali todos os dias porque a isso não se pode furtar, alertando quem está mais distante, por mais ou menos falta de vontade”. 

Por Alcântara, Davide Amado aponta a missiva como um "grito de alerta para uma situação que a cada dia, cada semana, cada mês que passa, piora e é visível aos olhos de todos” na Avenida de Ceuta. 

O presidente da junta garante que o nível imediato de respostas e de acompanhamento destas situações é "igual ao que era numa fase antes da pandemia, antes desta situação ter sido galopante”, mas o que o preocupa é que houve, há décadas, "o antigo Casal Ventoso na encosta do Vale de Alcântara e hoje está a ser criado um novo Casal Ventoso no Vale de Alcântara”. 

Davide Amado lamenta a "incapacidade de resposta perante esta situação que é gritante, que está à vista de todos, e que importa que as entidades que têm responsabilidades tomem medidas”. 

Contactada pela TSF, a Câmara de Lisboa descarta responsabilidades no aumento do consumo e tráfico de droga nesta zona do antigo Casal Ventoso. Para a vereadora Sofia Athayde, a culpa é do Governo por se ter atrasado na criação do Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências, que substituiu o SICAD.

"O Governo, nesta matéria, esteve parado um ano enquanto estava a extinguir o SICAD e criava o ICAD. Nesse período de tempo, a Câmara de Lisboa ficou sozinha a aguentar o financiamento da totalidade da resposta e não nos podemos esquecer que a segurança pública é da exclusiva responsabilidade do Governo. A Câmara Municipal de Lisboa, apesar de tudo isto, está consciente destas preocupações agora expressas pelos presidentes da Junta de Freguesia de Alcântara e Campo de Ourique e tomamos boa nota de que ambos os autarcas do PS se juntam agora publicamente aos nosso apelos, que foram consecutivos, junto do Governo e aos quais até agora não tivemos resposta", explicou Sofia Athayde.

Notícia atualizada às 20h48