OMS e DGS pedem para que só os doentes, suspeitos de infeção e profissionais de saúde usem máscaras. Ainda tem dúvidas sobre se deve ou não usar? Esclareça-as agora.
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Desde o início da pandemia do novo coronavírus que a Direção-Geral da Saúde (DGS) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) pedem para que só usem mascaras as pessoas infetadas, os casos suspeitos de infeção e as pessoas que contactam de muito perto com ambos (pessoal de saúde e cuidadores). Ainda assim, em Portugal, a epidemia levou a que as máscaras cirúrgicas esgotassem nas farmácias portuguesas ainda em fevereiro. Sabe se deve ou não usar máscara? Esclareça todas as suas dúvidas.
As máscaras protegem ou não?
Usar máscaras cirúrgicas não protege quem as usa de ser infetado com Covid-19, até porque a proteção deste tipo de máscaras é unidirecional, impedindo apenas a projeção de partículas por quem as utiliza. Por outro lado, o vírus também se transmite pelo contacto com superfícies contaminadas onde pode permanecer dias, dependendo da temperatura e do tipo de superfície.
"A utilização de máscara facial por pessoas doentes durante surtos ou pandemias é útil para impedir a propagação do vírus a contactos próximos ou outras pessoas da comunidade", pode ler-se no Plano Nacional de Preparação e Resposta à Doença por novo coronavírus, da DGS.
Este tipo de máscaras apenas forma uma barreira física que previne a transmissão de vírus de uma pessoa doente para uma saudável, bloqueando as partículas expelidas através da tosse ou do espirro e não o contrário.
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"O uso de máscara por indivíduos sintomáticos é fortemente recomendado em todas as fases da epidemia (se a condição clínica o permitir) e estes devem estar capacitados para o uso correto da mesma", destaca a autoridade nacional de saúde no mesmo plano.
Recorrer a uma máscara de forma incorreta pode até aumentar o risco de infeção, seja por estar mal colocada ou pelo contacto das mãos com a cara. Além disso, pode contribuir também para criar uma falsa sensação de segurança. Já sabe: se não tem qualquer sintoma, não use máscara.
Quem precisa mesmo de usar máscara?
De acordo com o site do ministério da Saúde, o uso de máscara só é indicado para os suspeitos de infeção pelo novo coronavírus e pessoas que prestem cuidados a suspeitos de infeção. No entanto, na conferência de imprensa desta sexta-feira, a diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, referiu um novo grupo de pessoas que também deve usá-las: os doentes imunodepremidos.
"Quero referir aqui um grupo de que não temos falado, mas que é muito importante: as máscaras devem ser usadas pelos doentes imunodepressivos. Se virem uma pessoa com máscara na rua, não se afastem dele como potencial foco de infeção. Provavelmente é alguém imunodepressivo", aconselhou Graça Freitas.
Além das máscaras cirúrgicas, de proteção unidirecional, existem também as FFP2 e FFP3 - no padrão europeu - que oferecem proteção bidirecional. Este tipo de máscara é, na verdade, um respirador, capaz de filtrar partículas minúsculas, ajustar-se à cara de cada utilizador e bastante mais caras que as cirúrgicas.
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Por terem todas estas características, as FFP2 e FFP3 devem ser reservadas para os profissionais de saúde que prestam cuidados aos doentes.
Porque é que nem todos devemos usar máscara?
Quem não apresenta qualquer sintoma do novo coronavírus - febre, tosse ou dor de garganta - não precisa de usar máscara. Ao fazê-lo está a desperdiçar um bem que é cada vez mais escasso e pode ser bastante útil para infetados, profissionais de saúde ou outros doentes.
"Havendo máscaras para todos, com medidas pedagógicas, pode ser uma medida útil [explicar como utilizar]. Mas não vale a pena dizer que há material para todos, porque não há. Por isso, à data as máscaras devem ser utilizadas por cuidadores, profissionais de saúde, bombeiros e forças de segurança", explicou a diretora-geral de Saúde.
Caso venham a existir máscaras suficientes para os 10 milhões de portugueses, a responsável pela autoridade nacional de saúde concorda que será necessário fazer planos para a utilização dessas máscaras mas, por enquanto, isso está longe de acontecer.
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"Se chegarmos ao ponto de todos usarem máscara, nunca fiquem com a sensação de segurança. As máscaras podem ter efeito demasiado tranquilizador, mas distanciamento social é a principal medida para evitar a infeção, muito mais que a utilização de uma máscara", avisou Graça Freitas.
Porque é tão difícil encontrar máscaras?
Os primeiros casos de Covid-19 em Portugal originaram uma verdadeira corrida às farmácias, fazendo com que as máscaras cirúrgicas esgotassem, tal como os líquidos desinfetantes para as mãos. O aumento da procura levou até a OMS a alertar para os riscos do açambarcamento e acumulação.
"Assim que percebermos que a procura era muita começámos a ratear o produto nas despensas para que chegasse para todas as pessoas interessadas. Se fosses pelos utentes, todos levavam o que conseguiam", contou à TSF, no início de março, Mafalda Aleixo, diretora-adjunta da farmácia Reis Oliveira, em Lisboa.
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A procura de máscaras descartáveis em Portugal chegou mesmo a aumentar 1829% em fevereiro, face ao período homólogo do ano passado, revelou a Associação Nacional de Farmácias.
O perigo das fraudes
A corrida às máscaras de proteção fez com que aparecessem à venda várias unidades a preços exorbitantes, chegando até aos mil euros, como aconteceu no site da Amazon em Espanha. No entanto, a maioria deles nem sequer protege contra vírus.
Às fraudes juntaram-se também os roubos. Só do hospital de Marselha, no sul de França, desapareceram duas mil máscaras cirúrgicas.
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