Novo diretor-adjunto do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia quer fomentar parcerias com academias e empresas
Aos 52 anos, o reconhecido físico brasileiro toma posse como o novo diretor-adjunto do INL. Ado Jóri abre a porta à instrumentação científica
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Ado Jório de Vasconcelos é apresentado oficialmente, esta segunda-feira, como o novo diretor-adjunto do Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), numa cerimónia que contará com a presença de membros do Governo de Portugal e Espanha.
Aos 52 anos, o reconhecido físico brasileiro, natural de Belo Horizonte, chega com o intuito de incrementar o número de parcerias do centro que conta com 405 investigadores de 31 nacionalidades e 218 projetos em curso. Irá trabalhar em conjunto com a diretora-geral, Clivia Sotomayor Torres.
“Temos de nos conectar com a sociedade, junto das empresas”, quer das mais recentes e spin-off, como das mais antigas. Ado Jório não coloca de fora da equação das instituições de ensino superior da Península Ibérica, nomeadamente, a Universidade do Minho.
“É extremamente importante. Um centro de investigação precisa de jovens na estrutura. Essa aproximação com a universidade é crucial para o bom funcionamento do centro. Estamos sempre abertos, mas o que está previsto é uma ação mais agressiva”, revela.
Apesar de não se considerar um "reformista", confessando que, desde que chegou, sente vontade e alegria no local de trabalho, por parte dos pares, e frisa a necessidade de apostar na comunicação externa como forma de chegar à sociedade, ou seja, dar a conhecer à população “o que o INL produz e oferece em termos de desenvolvimento” nas suas ligações com a indústria.
O INL está a acompanhar, de perto, iniciativas europeias voltadas para as áreas dos novos materiais e microships. Além disso, tem apresentado trabalho relacionado com Inteligência Artificial e semicondutores.
“O INL precisa, cada vez mais, de ser um 'player' nesse movimento internacional da nanotecnologia de materiais e eletrónica que estão a surgir na Europa e no mundo. Por exemplo, os Prémio Nobel da Física e da Química, os investigadores trabalharam na área da ciência de computação. A inteligência artificial está a contribuir para o desenvolvimento das ciências básicas no geral”, sublinha.
Inaugurado em 2009, um dos principais problemas do Laboratório Ibérico prende-se com a necessidade de trocar alguns equipamentos utilizados em Micro e Nano Fabricação e Microscopia considerados obsoletos. O novo diretor-adjunto, que do outro lado do Atlântico contribuiu para desenvolver um nanoscópio, não coloca de parte a possibilidade de criar máquinas dentro de portas. Contudo, reconhece que a área da Instrumentação Científica no ramo da nanotecnologia é desafiante, mesmo com um “grupo de engenharia muito forte”.
Um dos casos que poderá ser estudado está relacionado com o setor da microscopia eletrónica. “Temos uma grande força no INL que trabalha esta área, logo conhecem algumas lacunas específicas na tecnologia que podem ser desenvolvidas”, avança.
Atualmente, uma das pérolas do INL é o Crio-Microscópio Eletrónico, o primeiro em Portugal, que poderá vir a sofrer um upgrade. “Não é um facto, mas sim um desejo”, revela. “Um feixe de íon, utilizado pata preparação de amostras muito específicas, a temperaturas criogénicas”, adianta.
Desafiado pela TSF a perspetivar o INL para os próximos cinco anos, Ado Jório ambiciona que o laboratório seja “um exemplo de inovação para os Estados-membros da União Europeia, e um exemplo de inovação que não trabalha sozinho”, conclui.
Em 2023, 83% do financiamento adquirido tinha origem em programas da União Europeia. Em termos de parcerias, conta com 128 acordos internacionais com 36 países.
