O investigador Carlos Farinha Rodrigues diz que estes «novos pobres» com o «aumento de desemprego muito facilmente podem cair em situações de grande precariedade».
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O investigador Carlos Farinha Rodrigues traçou um perfil dos «novos pobres» referido pelo Presidente da República na entrevista que concedeu à TSF pelo seu 24º aniversário e sobre os quais está a cair o peso da austeridade.
Ouvido pela TSF, este especialista em Desenvolvimento e Pobreza considera que este são jovens, não têm emprego fixo, acumulam dívidas e enfrentam dificuldades específicas como nos «casais jovens em que, nomeadamente, as dívidas de compra de casa correspondem a uma grande fatia do orçamento familiar».
«Num período de retenção e contracção de rendimentos, de aumento de desemprego muito facilmente podem cair em situações de grande precariedade», afirmou este professor do ISEG.
Este especialista sublinha ainda que a utilização de transportes públicos, menos refeições fora e prestações bancárias para pagar são outros dos elementos em comum entre os chamados «novos pobres».
Para Carlos Farinha Rodrigues, «esses novos pobres caracterizam-se por estarem ligeiramente acima da linha de pobreza por terem situações de precariedade e por estarem acima dos mínimos de referência das políticas sociais», o que geralmente não lhes dá acesso a estas políticas.
Este investigador não tem ainda dúvidas em assinalar que o ano de 2009, último ano em que há dados oficiais sobre pobreza, foi o «fim de um ciclo» nesta matéria, «um ciclo onde houve redução da pobreza e redução das desigualdades».
«Todos os indicadores que temos é que a partir de 2010 esta situação se inverte», afirmou Carlos Farinha Rodrigues, que pediu para que o «fenómeno da pobreza seja visto na globalidade» e que não seja esquecida a chamada «pobreza tradicional que tem um agravamento muito grande».