Os imigrantes em território nacional são apontados como uma possível causa para o aumento do número de recém-nascidos.
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A natalidade em Portugal está a aumentar pelo segundo ano consecutivo, depois de, em 2021, com a pandemia o país ter registado uma quebra histórica. Nos primeiros seis meses de 2022, foram realizados mais de 41 mil testes do pezinho, um aumento de 6% em comparação com o período homólogo, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.
No total, foram realizados mais 2405 testes a recém-nascidos, um indicador fiável por se realizar à quase totalidade das crianças nascidas em Portugal, do que no ano passado, e mais 11% do que em 2021.
Lisboa e Porto são os distritos com mais recém-nascidos, com 12.613 e 7550, respetivamente. Contrariamente, Portalegre e Bragança são os concelhos onde se registam valores mais baixos, com 243 e 205, respetivamente.
Segundo o JN, as variações têm sido notórias ao longo dos anos: após ter sido registada uma subida do número de testes realizados em 2016, em 2017 voltou o valor voltou a diminuir, ficando os anos seguintes marcados por um aumento ligeiro até 2021, onde foi sentida uma queda acentuada devido ao período de incerteza vivido durante a pandemia de Covid-19. Em 2022 voltou a subir, uma tendência que se manteve neste primeiro semestre ao atingir o valor mais alto desde 2020 com 41 802 testes.
O relatório aponta ainda para um aumento dos nascimentos das crianças de mães estrangeiras, sendo que em 2021, dos 83 671 nados-vivos, 14% partos eram feitos por estas mães, pelo que o geógrafo Paulo Nossa, explica ao JN que o aumento da natalidade este ano pode ser atribuído aos imigrantes.
"São uma população migrante tendencialmente jovem" e com um número maior de filhos por mulher, esclarece.
Sublinhando que Portugal "tem mais de meio milhão de imigrantes", o especialista aponta também a possibilidade de o Serviço Nacional de Saúde ser um fator atrativo para as mulheres estrangeiras, que passam a querer realizar aqui os seus partos.
"Ainda tem de ser investigado, mas o SNS pode ser visto por esta população como seguro e confortável para ter filhos, comparativamente ao que encontram nos seus países", defende.
Sobre as mulheres portuguesas, o geógrafo afirma que, após um período de "incerteza económica" devido à pandemia de Covid-19, estas pretendem agora ser mães, sobretudo aquelas entre os 30 e os 35 anos.