Número de parceiros e comportamentos de risco explicam aumento de doenças sexualmente transmissíveis
À TSF, o médico de saúde pública Bernardo Gomes diz que é preciso aposta no acesso generalizado a programas de testagem.
Corpo do artigo
Bernardo Gomes, médico de saúde pública, considera que o aumento de infeções por doenças sexualmente transmissíveis se deve à "maior facilidade relativamente ao número de parceiros", que terão também "maior número de comportamentos de risco".
"Se existe maior facilidade, maior disponibilidade, relativamente ao número de parceiros com maior número de comportamentos de risco, nomeadamente a falta de preservativo, obviamente nós vamos ter aquilo que se diz transmissão sustentada, ou seja, em vez de ser uma coisa, muitas vezes, que ficava limitada em determinados subgrupos, populações vulneráveis, podemos ter uma transmissão mais sustentada. Na prática, nós continuamos a falar do maior risco em indivíduos que tenham múltiplos parceiros e que não tenham as devidas cautelas de precaução de transmissão de infeção", diz Bernardo Gomes à TSF.
O médico diz à TSF que é preciso fazer mais testes: "Aquilo em que nós temos que apostar é acesso, acesso, acesso e tanto acesso generalizado, ou seja, num aspeto de ser banal o acesso aos cuidados primários desta circunstância, como também no que toca a programas de testagem e de seguimento dos grupos vulneráveis que tenham maior probabilidade de terem infeções sexualmente transmissíveis."
Uma das doenças que tem tido maior crescimento de infeções é a sífilis congénita, uma bactéria que passa da grávida para o feto, ou seja, os bebés já nascem infetados. Isso explica-se com as falhas no acompanhamento das grávidas, mas não só.
"É algo que temos que ver das duas formas. Na contínua aposta da manutenção do seguimento apropriado das estações em território português, mas também a necessidade de perceber que poderá haver aqui um aumento da probabilidade de importação, digamos, de gestações que não tiveram o seguimento devido até a altura do nascimento", esclarece.
O aumento das doenças sexualmente transmissíveis (DST) na Europa revela uma "onda preocupante", que exige uma "atenção urgente e esforços concertados". O alerta é do diretor do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC), com base no relatório anual relativo a 2022. Os dados revelam um aumento muito significativo de doenças como a sífilis, a gonorreia e a clamídia.
Em comparação com o ano anterior, houve um aumento de 48% no número de doentes com gonorreia. Eram quase 71 mil infetados, nos 28 países avaliados no estudo, o que representa o número mais elevado desde que se começou a fazer o registo das infeções sexualmente transmissíveis, na Europa.
