Ex-administrador diz não ter memória que Tomas Correia e Almerindo Marques, que afirmam ter criticado a política de crédito, alguma vez o tenham feito e garante que nunca ouviu falar de créditos de favor.
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Vítor Fernandes, antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos (CGD) não tem memória que Almerindo Marques ou Tomás Correia alguma vez tenham criticado a política de concessão de crédito do banco público.
As afirmações do antigo gestor, que esteve na administração da Caixa entre 2000 e 2008, têm como pano de fundo a carta, enviada por Almerindo Marques em 2002 ao Banco de Portugal e ao presidente da República Jorge Sampaio, alertando para os riscos da política do banco na concessão de empréstimos.
É uma carta que Vítor Fernandes conheceu "pelos jornais", e cujo conteúdo o "surpreendeu", porque, garante, "o Dr Almerindo Marques nunca foi a um conselho de crédito [órgão que analisa e decide a concessão de créditos]".
"Não me recordo de alguma vez o dr Almerindo Marques ter questionado em Cpnselho de administração as políticas de crédito da Caixa", acrescentou, adicionando um nome à afirmação: "também não tenho nenhum recordação que o dr. Tomás Correia tenha questionado as políticas de crédito da Caixa no Conselho de Administração" afirmou em resposta à deputada Mariana Mortágua.
Fernandes garantiu ainda que nunca ouviu falar de créditos "de favor" no banco público. "Nunca" foi a resposta lacónica dada à deputada do PSD Liliana Silva que o questionou sobre se "alguma vez sentiu, leu, ouviu ou soube de créditos de favor na Caixa?"
Alguma vez sentiu, leu, ouviu ou soube de créditos de favor na Caixa?" "Nunca.
O antigo administrador entende que grande parte do que correu mal na instituição foi culpa da "maior crise do século XXI e provavelmente a maior crise desde 1930".
A operação "Boats Caravela", lançada em 1999 e que provocou perdas de 340 milhões de euros, foi mais uma vez explorada pelos deputados, mas não foram avançados novos dados.
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Em reposta ao socialista João Paulo Correia, Vítor Fernandes repetiu a ideia afirmada na comissão pelo antigo presidente António de Sousa: a de que provavelmente quem assinou a operação não sabia o que estava a fazer: "a operação foi tão gravosa que a única explicação é que não sabiam o que estavam a assinar", argumentou.