Nuno Melo, o candidato do CDS-PP às Europeias confessa que a sua perspetiva "em tempos universitários era a de ser advogado e, se alguma vez fizesse política, ter um cargo local"
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O cabeça de lista do CDS-PP às eleições Europeias e vice-presidente do partido, Nuno Melo, afirma que quando veio para a política já se sustentava e confessa que a sua perspetiva "em tempos universitários era a de ser advogado e, se alguma vez fizesse política, ter um cargo local de vereador ou deputado municipal".
Em mais uma "Ponte Aérea para as Europeias", a TSF seguiu os passos de Nuno Melo no último dia de trabalhos do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, numa jornada passada entre reuniões, debates, entrevistas e artigos de opinião.
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Nuno Melo filiou-se no partido "com vinte e muitos anos, já advogado e com escritório aberto". "Nunca fiz parte de uma juventude partidária", garante, mas as convicções políticas são anteriores e foram impermeáveis às influências de Eurico de Melo, antigo destacado dirigente do PSD, primo direito do pai e do padrinho. "Desde muito novo percebi que era um conservador e um político de direita. Sempre me revi no CDS mesmo não sendo filiado", afirma.
Quando Paulo Portas deixou a liderança do partido, Nuno Melo chegou a ser apontado como candidato à sucessão, o que não aconteceu. Mas tem essa ambição?: "O Ortega y Gasset dizia que "eu sou eu e as minhas circunstâncias" e as circunstâncias têm que ser avaliadas em cada momento. Naquele momento entendi que a Assunção Cristas faria muito melhor e estive certo. Desejo-lhe muito sucesso, porque o sucesso dela é o sucesso do CDS e eu gostava que ele pudesse começar já nas eleições Europeias. Para ser feliz não tenho de ser o primeiro, basta ser um oficial ou um soldado ao serviço do meu partido", declarou.
Natural de Famalicão e colecionador de carros antigos, Nuno Melo vive numa propriedade em Guimarães "onde naqueles hectares tento reproduzir um pouco da minha infância, ter os meus filhos a brincar com a terra como eu fiz, a subirem a árvores e a andarem de bicicleta" e onde guarda uma coleção de clássicos.
"O meu hobby, a par da agricultura, é encontrar carros velhos e recuperá-los para a vida. Ressuscito-os realmente", afirma. Entre as relíquias que guarda na garagem encontra-se um Land Rover Série 1 80"", um dos primeiros que recuperou da sucata e que viria a descobrir terem feito parte do património das antigas Minas da Borralha.
"Um dia em Guimarães um senhor reconheceu a matrícula e contou que tinha sido motorista daquele carro, que levava os filhos do diretor das Minas à escola e que o jipe ajudou a puxar todas as vigas da ponte que lá existe. E disse isto com a nostalgia de quem, naquele jipe, viu uma parte da vida dele. Um carro que é também uma história de vida, que atravessou os tempos, atravessou regimes e, felizmente, ainda existe", confidenciou.
"As fake news são a miséria moral da democracia"
O cabeça de lista do CDS-PP às eleições Europeias considera que "vivemos um tempo de fake news, que são a miséria moral da democracia", criticando duramente a divulgação de um ranking que diz ser uma "fraude" e que o coloca entre os eurodeputados portugueses mais faltosos do Parlamento Europeu.
"Não se sabe se é uma pessoa, um partido político, uma ONG ou os russos. Não se sabe o que é. Em segundo lugar, esse dito ranking recebe dinheiro de eurodeputados, por isso apresentei um requerimento pedindo que me informassem quem lhes paga, ao que se recusaram", acusa o eurodeputado centrista que garante que o mesmo site (mepranking.eu) "mostra que eu sou, em cada um dos critérios, dos deputados que mais trabalho produz".
Sobre a tradicional elevada abstenção nas Eleições Europeias, Nuno Melo defende que "tem de haver uma consciencialização de que a União Europeia (UE) está em risco e que pode acabar. Não houve nenhum regime, nenhum sistema que fosse perpétuo". O eurodeputado considera ainda um "paradoxo" o facto de os maiores beneficiários do projeto europeu serem os mais abstencionistas.
"Tendo na UE o maior sucesso à escala global, por exemplo um espaço comum que representa 7% da população mundial e ao mesmo tempo representa 50% das despesas sociais do planeta, um espaço que é a primeira economia do mundo, vai deixar de ser com o Brexit, onde os mais novos têm oportunidades que a minha geração nunca teve, é para mim muito impressionante que 80% dos abstencionistas sejam jovens", afirmou.
Nuno Melo dramatiza a ideia de que "os 74 anos de paz e as oportunidades" que a União Europeia representa "estão em risco porque os extremismos estão a crescer e já governam em alguns países", pelo que "as pessoas, quanto mais não seja pela preservação da democracia, devem ir às urnas".
Melhorar a resposta aos problemas dos europeus, nomeadamente a gestão dos fluxos migratórios e o combate à corrupção, que tem minado a credibilidade das democracias, são na opinião do candidato do CDS respostas chave para travar o populismo e a ascensão dos movimentos extremistas no espaço europeu.